Sabe aquelas atividades que a gente tem vontade de fazer, que a princípio não tem empecilho ou dificuldade maior, mas pelas circunstâncias a gente acaba adiando? E um dia, na situação mais inusitada, as coisas se arranjam, os “astros se alinham”, e a oportunidade cai de novo na frente da gente? Pois é, pra mim assistir um festival de balonismo foi mais ou menos assim.
Em Torres, a cerca de 200 km de Porto Alegre, todo ano tem um festival internacional de balonismo, bastante famoso e reconhecido, mas apesar da vontade, sempre acabava não assistindo. Estando aqui no Japão, claro, tento nunca deixar escapar as oportunidades, portanto, assim que fiquei sabendo que o campeonato mundial de balonismo seria aqui perto de Tokyo, em Tochigi (栃木), dei um jeito de me mandar pra lá.
O acaso foi a forma curiosa com que fiquei sabendo do evento. Uma vizinha estava de aniversário, e convidou um grupo de amigos para almoçar. Quando estávamos comentando sobre quem iria no almoço, ela comentou que uma outra brasileira, a Eliza, não iria, pois estaria trabalhando neste festival de balonismo. A Eliza é minha colega de japonês. Já havia conversado bastante com ela, mas nunca imaginara ela como observadora oficial de um campeonato de balonismo, ainda mais o campeonato mundial! São as pessoas e as surpresas que elas nos guardam... Conversamos, então, com a Eliza, pedimos mais detalhes sobre o festival, onde estava sendo, como chegar lá, qual o melhor dia para ir, esse tipo de coisa, e no fim de semana seguinte (o último do festival) nos mandamos para Tochigi, para ver uma das últimas provas e uma apresentação noturna dos balões.
Saímos de Tokyo e fomos para Tochigi, estação de Utsunomiya. Fomos com o Rafael, namorado da Eliza, que ficava conversando com ela pelo celular para nos dizer onde deveríamos ir. Para minha primeira surpresa, mas que pensando bem é algo óbvio, um festival de balonismo não acontece em um lugar específico: ele acontece em uma região. Isso significa que não existe um lugar para onde se ir para assistir o vôo dos balões. As provas consistem em um briefing onde os pilotos são informados onde é o alvo, e dentro de algum intervalo de tempo devem voar para ou sobrevoar este local, dependendo do tipo de prova. Como os pilotos não podem saber a priori onde o alvo fica, é complicado para nós, também, nos dirigirmos a ele e esperar os balões.
Felizmente tinhamos o Rafael e a Eliza. Assim que o briefing informou o local do alvo, a Eliza avisou o Rafael e para lá tentamos ir. Primeiro problema: tinhamos apenas uma coordenada. Isso não chega a ser um problema grande aqui, pois muitos taxis tem GPS. Mas estávamos longe de Tokyo, e não havia um único taxi com GPS na redondeza. Mais conversas com a Eliza. O Rafael consegue referências sobre o local do alvo: ao norte do local tal, sul da cidade tal, perto do rio tal, próximo das linhas de alta tensão, e assim entramos em um taxi para procurar o bendito lugar. Sorte que o Rafael fala bem japonês, e ía conversando com o motorista. Andamos, andamos, e nada do lugar aparecer. Nada de vermos um único balão. Ruas longas, praticamente estradas, no meio de campos de arroz. Após certo tempo de viagem, com a conta do taxi já chegando a 50 dólares, pedimos para o motorista parar, acertamos a conta, e dissemos que procuraríamos por ali. Ele, talvez com um pouco de pena, talvez também curioso em ver os balões, continuou andando com a gente por mais alguns quilômetros “pro bono”, dando voltas, até que finalmente avistamos o primeiro balão, e em seguida, diversos carros estacionados ao redor de um campo de arroz onde claramente deveria ser o alvo.
E aí foi bonito. Foi um balão, depois outro, logo o céu estava repleto de balões, que a distância não davam noção do seu real tamanho. Alguns, talvez por imperícia, estavam completamente distantes do alvo, passando a mais de um quilômetro do mesmo. Mas outros foram precisos, passando a alguns metros de onde estávamos. A visão valeu o custo da taxi, a espera, tudo. Tiramos muitas fotos e comentamos que pela primeira vez tirávamos fotos como aquelas de propagandas de camera ou filme fotográfico. Mas os balões foram passando, e, após o último, os carros ali estacionados começaram a ir embora.
Deveríamos então ir para o próximo evento, o chamado “Night Glow”, exibição noturna onde balões acendem seus maçaricos sincronizadamente, ou seguindo uma música. Esse evento seria no Twin Ring Motegi, autódromo que a Honda construiu para trazer a fórmula Indy ao Japão, e que ficava a uns bons 40 minutos de carro dali. Mas não tinhamos carona, e nem taxi passava por aquele local remoto. Já não havia quase mais ninguém para nos oferecer carona, já escurecia (aqui está escurecendo pelas 17:00), e estava bastante frio, cerca de 5 graus. E nós lá, “plantados”, no campo de arroz. Pedimos carona para o pessoal da organização do evento, que nos disseram que iriam para o Twin Ring, mas ainda deveriam terminar umas medições no local, e portanto levariam ainda mais uma hora, pelo menos, e que se não conseguíssemos outra carona, eles nos ofereceriam. O tempo foi passando. Estávamos preocupados. Achamos que eles haviam se esquecido de nós. Fomos nos aproximando deles de novo, até que finalmente duas moças vieram falar com a gente. Elas estavam indo para Motegi numa das vans da organização e podiam nos levar. Felizes e tranqüilos, finalmente!
Entramos na van, e o aquecimento nos realimentou de energia. Não conversamos muito no caminho, dormimos um pouco, e chegando lá, para nossa sorte, passamos por todos os pontos de controle sem muita espera, pois estávamos com o pessoal da organização, e nos largaram do lado do local da apresentação. A carona não poderia ter sido melhor.
Encontramos a Eliza, e a apresentação em seguida começou. Antes, claro, ainda vimos os balões serem enchidos, incluindo o balão decorativo da Honda, com forma de ASIMO. Além dos maçaricos acesos e da música, um bonito show de fogos de artifício acompanhou a apresentação, que só não foi mais legal por causa do frio que lá fazia. Mesmo assim, as fotos e vídeos ajudarão a guardar a lembrança.
Conclui que gosto mesmo de balões, e assumi um novo compromisso de vida: assistir ao Albuquerque International Balloon Fiesta, no Novo México, Estados Unidos.
2 comentários:
Oi Oi oi oi!!!
A vizinha sou eu!!! E alem de vizinha eu sou sua amiga ne... e espero que vc me considere uma das melhores ;p
Adorei o post!!!
E que curioso... no Brasil eu tb queria ir para esse Festival de Albuquerque.... sonhaaaavaa em ir... se vc for me manda um cartao de la hein...
beijos
Bia
Diversao e sorte hein!
Eu nao sabia mas fui a Torres ver XD Minha memoria de quando era pequena eh pessima. Lembro de ter visto baloes, mas onde, quando e com quem nao.. mas se tem um evento anual em Torres, that's it!
Fim de semana que vem tem jogo ^^
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