quarta-feira, agosto 23, 2006

Minha “casa”

Hoje estava fazendo uma limpeza aqui no meu quarto, e me dei conta que nunca mostrei fotos de onde eu moro. Aproveitando que está tudo arrumado e limpo, seguem então algumas fotos (o quarto é pequeno, quatro fotos são suficientes pra mostrar tudo):

A casa é sua, vá entrando...

Minha escrivaninha, com o computador que também faz papel de TV e a estante com livros e outros badulaques.

Pelo outro lado, a cama (meu futon está dobrado lá em cima, coloco ele sobre a cama para dormir), e a janela.

Em direção à porta: à esquerda a mesa onde eu faço lanches, minha “dispensa” e o refrigerador (embaixo à direita). Tem meu ventilador também, mas o quarto tem ar condicionado.

Finalmente, meu banheiro. O chuveiro é lá fora, compartilhado mas individual, felizmente limpo também.

Claro, tem dormitórios melhores, mas esse meu não é ruim. A visita foi rápida, voltem sempre... ;)

sábado, agosto 19, 2006

Ingresso comprado

Posso não gostar tanto assim de futebol, mas essa oportunidade eu não ia perder. Compramos hoje (eu, o Mário e o Marco - dois outros gaúchos e colorados) nossos ingressos para os jogos do Inter, dias 13 e 17. Vamos de categoria 1, pra que nossa faixa pro Galvão Bueno apareça na TV, hehehe. Aos que vem, nos vemos lá, aos que não, procurem tres pontinhos vermelhos na TV. ;)

quinta-feira, agosto 17, 2006

Glória do desporto nacional

Logo que saiu a confirmação da minha vinda aqui pro Japão, aproveitando a boa campanha do Inter até então, mas também com certo deboche, coloquei no meu MSN a expressão “Colorado rumo a Tóquio”. Claro, já tantas vezes o Inter havia “morrido na praia” que qualquer resultado positivo era motivo pra alimentar a esperança colorada, o que acabava virando motivo de piada até entre seus próprios torcedores.

Sempre digo que não gosto de futebol mas, como é obrigação de todo brasileiro, tenho que “torcer” por um time, e por motivos familiares esse time é o Inter. Daí a brincadeira: eu, colorado, estava vindo rumo a Tóquio. Só isso. Não imaginava de verdade o Inter disputando a final do interclubes aqui no Japão.

Dizia, quando o Inter ia mal, que esse meu desinteresse por futebol não era devido a fase. Que era o mesmo estando o Inter bem ou mal. Agora, com o time campeão da Libertadores, continuo pensando da mesma forma. Ainda não gosto de futebol, mas fico feliz por todos os colorados, e mais feliz porque acredito que muitos vão se esforçar ao máximo para vir assistir aos jogos em Yokohama em dezembro.

Por isso, nas próximas semanas, vou começar a colocar aqui dicas de onde ficar, comer, como se locomover, e o que visitar em Tóquio.

Saudações coloradas!

quarta-feira, agosto 02, 2006

Flores de fogo

Se na sexta-feira entramos de férias da aula de japonês, já no sábado tivemos nossa primeira “atividade de lazer”: o festival de fogos do Sumidagawa (隅田川花火大会) em Asakusa (浅草), bairro mais tradicional de Tokyo.

Festivais de fogos são uma tradição nas noites de verão do Japão. Com as temperaturas mais amenas, milhares de pessoas se reunem nas margens dos rios para assistirem espetáculos preparados durante todo o resto do ano. O Sumidagawa é um desses rios e seu festival está entre os mais famosos. Por ter origem num festival antigo, é considerado um evento com mais de 270 anos de tradição. A queima de cerca de 20 mil fogos reune mais de meio milhão de pessoas, todo ano.

O início do show estava marcado para às 19:10, mas resolvemos ir mais cedo, na metade da tarde, para encontrar um lugar bom e dar uma passeada pelo local. O dia estava agradável e não havia motivo pra ficar em casa enrolando. Ao sairmos do dormitório encontramos uns amigos, de quem nos perdemos no caminho até Asakusa e pensamos não mais encontrar (nesse dia, é claro). Também, haviamos combinado de nos encontrar com um outro grupo, mas sabendo a quantidade de gente que deveria estar por lá achamos que ía ser muito difícil encontrá-los. Chegando em Asakusa, paramos pra comprar umas coisas para comer - eu comi um yakisoba (焼きそば) e uma amiga um takoyaki (たこ焼き) - e, pra nossa grata surpresa, logo numa esquina já encontramos o pessoal que haviamos perdido. Ligamos para o outro grupo que, através de uma referência aqui, outra ali, também encontramos, em um grande campo de esportes onde várias pessoas se preparavam para assistir aos fogos.

Nosso lugar não era dos melhores. As pessoas aqui costumam ir cedo pro local do evento e estender umas lonas, marcando o lugar para suas famílias e amigos. Os nossos tinham recém chegado e posto apenas umas esteiras em um lugar mais lateral do campo, não tinha comparação com os lugares que os japonêses madrugadores conseguiram. No nosso lugar havia algumas árvores, tapando parte da vista onde, esperávamos, estariam os fogos. Mesmo assim, tinha espaço pra todo mundo, dava até pra se deitar pra curtir o espetáculo, e, por estarmos juntos com o pessoal “nativo” compartilhávamos o espírito do evento. Era um lugar bacana.

Já disse outra vez, mas não custa dizer mais uma: apenas em uma situação os olhinhos dos japoneses se abrem, que é pra ver fogos de artifício. Eles ficam fascinados. Mas é fácil de se entender. No Brasil, somente nos últimos anos que começamos a ter fogos mais elaborados. Por muito tempo, fogos eram sinônimo de “rojão” e barulho. Aqui, os fogos tem que ser, antes de tudo, bonitos: como tudo aqui, visuais. Até o nome expressa isso. Para eles fogos de artifício são flores de fogo (花火, hanabi).

Esses festivais são encantadores, não só pela complexidade dos fogos (às vezes são até bastante simples) nem pelo exagero. O mais legal, pra mim, é o ambiente, a atmosfera. As pessoas na rua, vestidas com seus trajes típicos de verão - yukatas (浴衣) e jinbeis (甚平) - num clima familiar. Crianças, jovens, idosos, todos aproveitando o momento juntos. As barraquinhas de comidas típicas. Nada de tumulto (exceto pelo tumulto natural causado por qualquer reunião de 900 mil pessoas), é tudo muito tranqüilo. Mesmo que não seja para ver os fogos, só estar ali, naquele lugar e no meio daquela gente, já é muito agradável.

E os fogos, que tal? É o tipo da imagem que não dá pra descrever. O que dá, sim, é pra falar da sensação de estar ali assistindo. O deslocamento de ar de cada explosão, quando chega na gente, é como se nos transmitisse toda aquela energia que acabamos de ver, nos afetando, nos dando alegria. É impossível não ficar feliz. Se esquece qualquer problema, chateação ou preocupação. Mas eu não consigo descrever direito. Quem descreve bem esse fascínio que os fogos causam na gente é a Martha Medeiros, escritora gaúcha (e filha do meu dentista, hehehe), numa crônica que minha mãe gosta muito: “O motoboy e os fogos de artifício”, da qual transcrevo uma parte:

Nossas cabeças estão sempre olhando pra baixo, para os próprios passos, para o caminho a percorrer. Fogos de artifício nos retêm. Erguem nossas cabeças, iluminam o que é escuro, capturam a gente de uma realidade burocrática, repetitiva, sem festa. Fogos de artifício são sinalizadores, há alguém feliz bem próximo, e está repartindo esse estado de espírito com você, que não viveu nada de extraordinário hoje, que estava louco pra chegar em casa, tirar a roupa suada, tomar um banho e ver um pouco de televisão.

De forma melhor que ela fez, não dá pra escrever. O máximo que posso fazer é deixar vocês com 20 segundos do meu estado de espírito, antes que voltem pras suas televisões.