tag:blogger.com,1999:blog-229886662024-03-08T08:21:51.572+09:00The City of Blinding LightsAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.comBlogger86125tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-88585024985205520622013-04-30T06:44:00.000+09:002015-09-13T02:57:58.914+09:00Epílogo, parte IIILembro da quando voltava do Japão para o Brasil pela primeira vez em 2003. Enquanto ia em direção ao aeroporto de Kansai (関西), ao olhar as casas, lojas e ruas no caminho ao aeroporto e tendo estado lá por apenas alguns meses, sentia que ainda tinha muito do país que eu não havia descoberto. O Japão que eu via em 2003 ainda era misterioso e, se na hora eu não notava, retrospectivamente sinto que fiquei com uma sensação de “quero mais”.<br />
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Acho que foi em parte por isso que voltei ao Japão em 2006. Quando me mudei pra Tokyo (東京), minha ida era de certa forma sem prazo definido pois tudo dependeria da minha entrada no doutorado e de como ele prosseguiria. Quando primeiro estive em Tokyo em 2003, admito que não gostei. Achei uma cidade cheia e barulhenta. Como dizia o Caetano sobre São Paulo, “chamei de mau gosto o que vi” e foi por aí. Mas depois de quase cinco anos morando lá, já tinha aprendido a gostar de tudo que faz de Tokyo uma das cidades mais legais do mundo. Não sei nem por onde começar. Gosto de Tokyo por não ser só uma cidade, mas diversas cidades diferentes que cresceram até se tornarem uma só, mas sem perder a identidade de cada uma. Gosto de Tokyo por sempre ter um evento interessante de nível mundial para se participar, por sempre ter um lugar novo para conhecer, sempre ter algum visitante para se mostrar a cidade, por ter todo tipo de produto para se consumir. Gosto de Tokyo por ser um lugar onde a vida acontece em outro rítmo e escala, e apesar disso as coisas sempre funcionarem: a cidade é limpa, o transporte é prático e eficiente, os serviços de primeira, a comida é variada e boa, as pessoas de toda parte.<br />
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Tendo uma cidade assim sempre a disposição, com o tempo a gente vai parando de dar valor, fazendo sempre as mesmas coisas, criando uma rotina. E no momento em que a gente decide ir embora, repentinamente volta a dar valor e resolve fazer todas as coisas que ainda não fez. Quando resolvi ir embora, comigo não foi diferente.<br />
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Uma dessas coisas que sempre quis fazer era dar uma volta caminhando pela linha Yamanote (山手線). A Yamanote é uma linha circular de trem que passa pelas principais vizinhanças de Tokyo. Originalmente era a linha que ligava as diversas “cidades” que atualmente formam Tokyo; hoje em dia é uma linha urbana. Com cerca de 35 km de extensão, é um símbolo da cidade, e seus trenzinhos verdes são usados em brinquedos, souvenirs, despertadores; até um CD com as musiquinhas que tocam na plataforma de todas as estações está a venda. Quando comentei que estava indo embora do Japão, meu amigo Terabe lembrou do nosso antigo trato de um dia fazer essa caminhada, e decidimos que tinha chegado a hora.<br />
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Só que uma caminhada de 35 km toma tempo. Por isso, decidimos que deveríamos começar bem cedo pela manhã, para fazermos o passeio com calma durante o dia. Os primeiros trens de Tokyo circulam pelas 4 horas, então se saíssemos de casa para nos encontrarmos na estação da Yamanote mais próxima, teríamos que acordar cedo demais. Aí tivemos a brilhante idéia de combinar esse passeio com outra coisa que há tempos gostaríamos de experimentar, e que pra mim essa seria a última chance: passar uma noite nos famosos “hotéis cápsula”.<br />
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Pra quem não conhece, os hotéis cápsula são pequenas “caixas” do tamanho de uma cama, onde se pode pernoitar. Acho que a origem vem do boom econômico do Japão nos anos 80, onde o preço do metro quadrado era absurdamente alto (diz-se que e o valor da área tomada pelo Palácio Imperial era mais alto que de toda a área da California). Hoje em dia, economicamente falando, nem são grande negócio, já que se encontram hotéis econômicos às vezes por preço até mais em conta. Mas nossa escolha pelo hotel cápsula foi pela experiência, e escolhendo um próximo a uma estação da Yamanote, começaríamos nossa caminhada ainda cedo.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwPjsvpDI9I9qjEwap9C37roY9RV5wTEPO1YZ4O9pIwXxhcIpUmB9uKHjXxvJ6YzqLL23l9iFfsIpZSVhbo2nyG-2ova1dKWoZxJLg5A6NcHWwaEtD7jkw3Jh_YfjVHpfhZsUw/s1600/DSC_1645.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwPjsvpDI9I9qjEwap9C37roY9RV5wTEPO1YZ4O9pIwXxhcIpUmB9uKHjXxvJ6YzqLL23l9iFfsIpZSVhbo2nyG-2ova1dKWoZxJLg5A6NcHWwaEtD7jkw3Jh_YfjVHpfhZsUw/s320/DSC_1645.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
A estadia foi interessante. Ao se chegar, você deixa suas coisas num armário e leva apenas sua roupa para dormir, escova de dente, etc, para o “quarto”, que na verdade é um andar com várias cápsulas e um banheiro compartilhado. A cápsula em si não é tão apertada e tem uma pequena porta que não fecha completamente, então não chega a causar tanta claustrofobia. O problema é que se tiverem muitas pessoas no seu andar, pode ser um pouco barulhento com os roncos reverberando nas outras cápsulas. :) Em geral esses hoteis são apenas para homens—o público alvo são os “salarymen” (サラリーマン), funcionários japoneses, que perderam o último trem e não tem como voltar pra casa—, mas ouvi que alguns tem andares só para mulheres.<br />
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A noite foi razoavelmente confortável. No dia seguinte acordamos cedo e começamos a caminhada às 5 horas. Fizemos duas longas paradas, uma para o café da manhã e outra para o almoço. Durante o almoço sentimos outro terremoto longo e forte, nos lembrando que apesar do ótimo dia, as coisas ainda não estavam “normais”. Caminhamos tranquilamente, tiramos muitas fotos. Foi ótimo realmente “sentir” Tokyo e todas as suas vizinhanças. A caminhada total levou cerca de 13 horas e terminamos com o sensação de missão cumprida, Tokyo desvendada. O álbum completo de fotos pode ser visto <a href="https://plus.google.com/photos/107647392658988283968/albums/5869407475624274961">aqui</a>.<br />
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Além de Tokyo, havia outras cidades importantes do Japão que eu ainda não tinha visitado. Conhecer todas seria impossível, mas duas em especial eu gostaria de visitar: Kobe (神戸) e Himeji (姫路). Nos últimos dias organizei uma rápida viagem para as duas, e também para melhor explorar Osaka (大阪), por onde já tinha passado algumas vezes, mas nunca explorado mais a fundo.<br />
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Kobe é um dos principais portos do Japão, famosa por ser o ponto de saída dos imigrantes japoneses que vieram para o Brasil, e mais recentemente em 1995, pelo grande terremoto de Awaji. Lá visitei o porto, o museu de “redução de desastres” sobre o terremoto, o museu marítimo e caminhei bastante pela cidade. Em Himeji, cidade menor, a principal atração é o seu castelo. O lugar foi usado como cenário no filme <em>Com 007 só se Vive Duas Vezes</em> (<em>You Only Live Twice</em>). O que eu não sabia é que o castelo estava em restauração. Mesmo assim, valeu a visita, pois ele estava aberto e era possível pegar um elevador até em cima do telhado, coisa que geralmente não é possível. As cerejeiras da praça em frente ao castelo estavam todas floridas, e as pessoas aproveitando para fazer <em>hanami</em> (花見) num clima muito agradável. Em Osaka visitei as principais atrações como o famoso Aquário e o prédio Sky Umeda, além de uma visita interessante ao museu Momofuku Ando em homenagem ao criador do macarrão instantâneo, visita obrigatória para qualquer fã de Miojo.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY6AfLh66pT6IN9MYpte1Om3e-18CeXXyFKJ7BQPtnVSA1PlnmM0LzZKA89TAByTkV5_cA-JZ02eWyHhUXp3N7att9ziMkdp1shOIyXO3f072wWa2Cw1h3tZNh6z02C2rE4XFh/s1600/DSC_1843.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY6AfLh66pT6IN9MYpte1Om3e-18CeXXyFKJ7BQPtnVSA1PlnmM0LzZKA89TAByTkV5_cA-JZ02eWyHhUXp3N7att9ziMkdp1shOIyXO3f072wWa2Cw1h3tZNh6z02C2rE4XFh/s320/DSC_1843.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCjUnJU_gtAI3PONrwsbWjHFmaHTwd691RdAtXrq3RAVPOAUFKFPJxqK05zFpc3dB0uJg8A011AAWfOfiv846l2w-7n-8NciSCCTAgg6k_E82qzovsxYLkwk-Z-mwfPW7Nfs0z/s1600/DSC_2159.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCjUnJU_gtAI3PONrwsbWjHFmaHTwd691RdAtXrq3RAVPOAUFKFPJxqK05zFpc3dB0uJg8A011AAWfOfiv846l2w-7n-8NciSCCTAgg6k_E82qzovsxYLkwk-Z-mwfPW7Nfs0z/s320/DSC_2159.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<center><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/8NPSmjPYneg" width="420"></iframe></center><br />
De volta a Tokyo, chegava o momento das despedidas. Tentei reencontrar todos que fizeram parte da minha vida por lá: colegas de laboratório, meu professor e, claro, amigos. Delvolver o apartamento foi mais simples que esperava. Algumas coisas maiores enviei de volta ao Brasil pelas empresas de mudança que geralmente atendem aos <em>dekasegis</em> em regresso, e o serviço foi bastante eficiente: de porta a porta resolvendo todas as questões de alfândega. Consegui também doar a maior parte das coisas de casa para outros estudantes e os poucos itens que não achei interessado tive que jogar fora, comprando os selos necessários para lixos de “grande” volume. Aos poucos, meu apartamento em Tokyo, onde morei por 3 anos, foi ficando vazio. Sensação esquisita. Marquei o dia e hora para as visitas das empresas de água e energia (a TEPCO, mesma operadora da usina de Fukushima) e no horário combinado as duas apareceram, conferiram o contador, e pude pagar na hora o valor devido ao funcionário. Eficiência japonesa, como de costume. Agora sem água e energia, apenas com minha mala de volta, me mudei nas últimas noites para casas de amigos. Ser “turista” na sua própria cidade e uma sensação muito estranha.<br />
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E no dia 21 de Abril de 2011 o capítulo japones terminou. No trem para o aeroporto lembrava da mesma situação anos antes. Dessa vez o sentimento era diferente. Eu olhava as vizinhanças cortadas pela linha do trem e pensava que se eu não havia estado ali, com certeza tinha estado em muitos outros lugares parecidos. Se não sabia o que tinha dentro de cada uma daquelas casas, tinha uma certa idéia de que ela era semelhante a tantas outras casas de japoneses que conheci. Sabia que se caminhasse por aquelas ruas conseguiria certamente entrar numa loja e sair com o que eu queria, encontrar meu caminho, enfim, o mistério (mas não o encanto) tinha acabado, o Japão havia sido desvendado. Mesmo eu não falando fluentemente o idioma, eu conhecia as pessoas, sabia como elas pensavam e agiam, tinha visto suas casas, escolas, empresas, ruas, parques, enfim, o país não era mais estranho.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIxzRtuyXyhnamOfXccPCqNieOzCFS_XHVUxrJTCiqjoG0rQigj6UjtN4-IbPcZ1BI5XPVkzFTm720bJjKP_qDiCwgn6kwOCPbKG1-7wCU9x1_NwBVH5kYVQ3EKOP6MzBB5kt3/s1600/Japa%CC%83o.png" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIxzRtuyXyhnamOfXccPCqNieOzCFS_XHVUxrJTCiqjoG0rQigj6UjtN4-IbPcZ1BI5XPVkzFTm720bJjKP_qDiCwgn6kwOCPbKG1-7wCU9x1_NwBVH5kYVQ3EKOP6MzBB5kt3/s320/Japa%CC%83o.png" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
Acho que saí do Japão em um bom momento. O Japão é um país fantástico, mas o que mais surpreende o visitante é como as coisas podem ser diferentes, como a cada momento você pode ser surpreendido por algo completamente inesperado, ou pelos pequenos detalhes que são tão importantes por lá, sejam nas coisas ou nas pessoas. Aprendi muitas coisas por lá, entre elas:<br />
<ul><li>A capacidade do povo japonês de sempre se colocar no lugar do outro, e guiar todas suas ações em função disso.</li>
<li>O senso de grupo. Somos todos parte de diversos grupos e temos responsabilidade junto a eles.</li>
<li>Assumir por padrão que os outros agem de boa fé, e corresponder a esta expectativa agindo da mesma forma. Quando dois japoneses se encontram pela primeira vez, não é “prazer em conhecê-lo” o que dizem, mas sim “よろしくお願いします” (<em>yoroshiku onegaishimasu</em>), que pode ser traduzida como algo próximo de “por favor, sejamos bons/corretos/gentis um com o outro”.</li>
<li>A valorização do esforço, acima da aptidão.</li>
<li>A constante busca pela melhoria no que se faz, em todos os aspectos da vida.</li>
<li>A busca pela harmonia e a prevenção de conflitos.</li>
</ul>O Japão virou parte de mim e, se não penso mais em morar lá, sei que ainda visitarei muitas vezes o país. Ao encontrar um amigo japonês no Brasil um ano após a minha volta, após ele ter pela primeira vez passado pela relativamente longa viagem do Japão para o Brasil (cerca de 35 horas) ele me disse algo muito interessante que ficou na minha cabeça:<br />
<blockquote>“A gente tem sorte que o mundo é de um tamanho bom. Ele não é nem tão pequeno que não tenha espaço para todo mundo, nem tão grande que seja muito difícil de ir para qualquer lugar. Mesmo do Japão para o Brasil, extremos opostos, não leva nem dois dias. É cansativo mas dá pra aguentar.”</blockquote>E realmente: o mundo é de um tamanho ideal. Tem muita coisa pra se ver, mas está tudo ao nosso alcance.<br />
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さよなら日本!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-90254865980886657992013-03-18T07:32:00.000+09:002013-03-18T07:43:51.653+09:00Epílogo, parte II<a href="epilogo-parte-i.html">Já era sábado, mas não dia de descanso.</a><br />
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Passada a primeira noite pós-terremoto, todos no Japão ainda estávamos confusos sobre o que iria acontecer. É preciso lembrar que terremotos de menor intensidade continuavam ocorrendo. O chão constantemente balançando é algo difícil de se acostumar.<br />
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Resolvi me preparar um pouco mais para qualquer eventual problema. Primeiro, pensei, precisava de um meio de transporte, e ao verificar <a href="/2006/10/um-dia-de-sorte.html">minha bicicleta</a>, que não usava fazia uns meses, notei que seu pneu estava furado e lá fui eu levá-la para o conserto. Aproveitei também para comprar uma cestinha para acoplar ao <em>guidon</em> para poder transportar qualquer coisa que precisasse. No caminho, vi um poste de energia levemente tombado para o lado. Foi o único estrago aparente na minha vizinhança. Em seguida, fui ao supermercado, e apesar de não ter desabastecimento, havia um anúncio de que o horário de operação naquele sábado e no dia seguinte seria restrito, justamente para controlar o consumo.<br />
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De volta em casa, ficava acompanhando as notícias de Fukushima (福島) e à tarde vi a explosão do primeiro reator na TV. Apesar da apreensão inicial, nessas horas o que me trazia mais tranquilidade era me informar o máximo possível a respeito da tecnologia nuclear: como funcionava o reator, porque ele precisava ser resfriado, como era sua construção, etc. Era uma tarefa complicada, pois a mídia se dividia entre “o Japão está acabando” (mídia ocidental) e “não há nada a temer” (mídia japonesa) e o que eu queria não era opinião sobre nenhum dos lados, mas sim os fatos técnicos que me deixassem chegar as minhas próprias conclusões. Ao ver a explosão, tentei me informar se era de fato algo “semelhante a Chernobyl”, como muitos diziam, ou algo mais controlado. Logo aprendi que Chernobyl foi uma explosão de um reator em operação, que incendiou, e não tinha a “panela de pressão” (RPV), dispositivo de segurança que em Fukushima ainda estava intacto. A explosão, sites mais técnicos diziam, era provavelmente por acúmulo de Hidrogênio e apesar de emitir partículas radioativas ao ambiente, não eram um risco a médias distâncias (Fukushima fica a cerca de 300 km de Tokyo), já que esses elementos teriam meias-vida curtas e os níveis de radiação não eram muito altos. Mas por precaução, enchi minha banheira com água, caso partículas radioativas chegassem a Tokyo.<br />
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Na tarde de domingo, o sistema de som público do meu bairro começou a anunciar alguma coisa. Fiquei bastante nervoso, pois no início não entendia e nunca havia ouvido aquele sistema fazendo anúncios (em geral esses sistemas ficam em escolas e tocam um sinal todo dia às 17:00, mas nada além disso). Depois eu entendi que o anúncio era para economizarmos energia, pois como as usinas haviam sido desligadas, poderiamos ter problemas de abastecimento. Estava ainda um pouco frio, mas evitei usar o aquecedor, a partir daí. Fiquei pensando nas pessoas na região afetada, onde com certeza estava mais frio, e com menos energia. Com a casa abastecida e a bicicleta arrumada, a principal atividade do fim de semana foi contatar os amigos para saber se todos estavam bem. Mesmo os que moravam em Sendai (仙台), região mais afetada pelo <em>tsunami</em> (津波), estavam a salvo.<br />
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Segunda-feira, 14 de março, dia de voltar ao trabalho. Como os tremores continuavam (cada vez mais espaçados, mas ainda várias vezes ao dia), não me animei a ir de trem. Resolvi percorrer o trajeto de cerca de 25 km de bicicleta, e vi no caminho várias outras pessoas que pareciam ter feito a mesma escolha. Estes paravam suas bicicleta nos cruzamentos e ficavam conferindo mapas, placas, indicando que aquela não era a sua rotina habitual. De volta ao trabalho, mantinha a <a href="http://www.tepco.co.jp/en/index-e.html">página da TEPCO</a> aberta e conferia os <em><a href="http://www.tepco.co.jp/en/nu/fukushima-np/index-e.html">updates</a></em> da situação da usina, além das leituras de radiação em cada um dos quatro cantos da usina atualizados de 15 em 15 minutos (minha atenção principal era no lado voltado para Tokyo, é claro). Ainda pela manhã, aconteceu mais uma explosão no prédio de outro reator. A explicação era a mesma de antes, então ainda estava tudo “sob controle apesar do caos”. Eu entendia no momento que devido à grande quantidade de água usada para resfriar os reatores em Fukushima, a contaminação toda estava indo pro solo (e mar) da região, e que estes provavelmente ficariam inabitáveis por muito tempo, mas era uma situação completamente diferente da Europa na época de Chernobyl, onde a contaminação foi toda pelo ar. Expediente encerrado, de volta pra casa no primeiro dia da semana da nova “normalidade”.<br />
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Terça-feira, 15 de março, acordo e ainda antes de levantar leio a notícia de que o reator 4 também havia explodido nas últimas horas. Esse, eu sabia, era diferente dos outros, pois usava plutônio como combustível, que além de radioativo era também altamente tóxico, diferentemente do urânio usado nos outros dois. O pensamento que me veio a cabeça não foi tanto de estar em perigo devido a explosão, mas sim por uma possível histeria coletiva que viesse a acontecer. Caso todos resolvessem abandonar Tokyo, pensei, eu estaria em desvantagem, por ser estrangeiro e não falar muito a língua local. Resolvi então que sairia de Tokyo preventivamente naquele mesmo dia. Se não por ser um risco real, pelo menos para descansar a cabeça. Preparei uma mochila, peguei um dinheiro que tinha reservado, avisei meu chefe que não iria ao escritório naquela semana (mas levava comigo o computador para trabalhar à distância) e fui a estação de Tokyo (東京駅) comprar uma passagem de <em>Shinkansen</em> (新幹線, o trem-bala) para Hiroshima (広島). Na estação, apesar de uma terça-feira de manhã, havia uma razoável fila para comprar passagens, principalmente de mães com crianças. Apesar de muitos comentários desinformados sobre a “ironia de ir para Hiroshima para fugir da radiação”, fui para lá por dois motivos principais. Primeiro, Hiroshima é uma cidade muito agradável, onde eu sempre me senti bem em visitas anteriores e recomendo para qualquer pessoa que visite o Japão. E também porque Hiroshima fica a 800 km de Fukushima, a uma distância segura, e na metade do caminho entre Osaka (大阪) e Fukuoka (福岡), duas cidades com aeroportos internacionais bem conectados, caso resolvesse sair do Japão. Fiquei no albergue de Hiroshima e encontrei muitas pessoas, japoneses e estrangeiros, na mesma situação, que queriam principalmente um lugar para desestressar. E ao passar a primeira noite lá, sem sentir um único terremoto, e sem racionamento de energia, já comecei a me sentir melhor.<br />
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E foi em Hiroshima que, passeando pelos seus jardins e conversando com amigos, refleti bastante sobre a vida, valores, objetivos, e concluí que meu capítulo no Japão tinha chegado ao fim. Após a formatura, havia resolvido trabalhar em Tokyo por cerca de um ano como experiência, e apesar de ela ter sido extremamente positiva, pois experimentei um tipo de vida diferente da de estudante em Tokyo, senti que aquele não era mais o caminho que queria seguir, que não tinha motivos suficientes para continuar lá além da comodidade de permanecer na mesma situação, muito agradável, convenhamos, mas sem muitas perspectivas para o futuro. Precisava sair da minha zona de conforto. Pensei também que o Japão passaria por um grande momento de reflexão e foco na reconstrução e eu lá, como visitante, seria mais um transtorno que uma ajuda, como um convidado na casa de uma família que passa por uma situação difícil. Era metade de março e eu já estava com a passagem comprada para ir de férias ao Brasil no final de abril. Resolvi, então, que o cronograma se acertava. Fiquei em Hiroshima até o final de semana e ao voltar a Tokyo avisei na empresa que estaria saindo no mês seguinte, trabalhando até lá para terminar os detalhes que haviam ficado pendentes no projeto que estávamos terminando.<br />
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<center><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPfgEaotnvt1DimBexsrTtwW2IoWbob4flZMfVQfthEfvv-9TtHHpMYeIQgH9ACe80JFlegs-cZ2Om5DxlHrGwq1MGOCVUSbOBby7MrB65Eu3nLVxiT88_PbUbSrii5s-eXrKZ/s1600/IMG_0116.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPfgEaotnvt1DimBexsrTtwW2IoWbob4flZMfVQfthEfvv-9TtHHpMYeIQgH9ACe80JFlegs-cZ2Om5DxlHrGwq1MGOCVUSbOBby7MrB65Eu3nLVxiT88_PbUbSrii5s-eXrKZ/s320/IMG_0116.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 142px;"/></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh54zppZdU7D-PIUtq0cbmHuUbOXyZPH3jnvlpq6bjoUoKPTSzAvX52tguyHxBBkGDIeKu6Eg8EC5AB_PtQsPVEE85VzlfIdKK6KNRatI4WHeDgUZIFMNL7AevVesefplBxeUgl/s1600/IMG_0111.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh54zppZdU7D-PIUtq0cbmHuUbOXyZPH3jnvlpq6bjoUoKPTSzAvX52tguyHxBBkGDIeKu6Eg8EC5AB_PtQsPVEE85VzlfIdKK6KNRatI4WHeDgUZIFMNL7AevVesefplBxeUgl/s320/IMG_0111.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 142px;"/></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMjymUZOSQ9Uku1D2xSFqHQdpm40skiun45NTTVHq9YsMv4xBjikPg6Dx_ULqzSp3SXmnQhTcMQsO8NHQB1zHNAWS-pzi7CFB_WNfC2ANXZ1_5E8_wWDIyjE12E4tcMqoc_4Gh/s1600/IMG_0093.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMjymUZOSQ9Uku1D2xSFqHQdpm40skiun45NTTVHq9YsMv4xBjikPg6Dx_ULqzSp3SXmnQhTcMQsO8NHQB1zHNAWS-pzi7CFB_WNfC2ANXZ1_5E8_wWDIyjE12E4tcMqoc_4Gh/s320/IMG_0093.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 142px;"/></a><br />
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Como se termina uma vida de 5 anos em um país estrangeiro? Isso vocês vão saber na terceira e última parte desse epílogo. :)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-44238823817138956502013-03-11T06:40:00.001+09:002013-03-11T06:57:20.946+09:00Epílogo, parte IEu lembro exatamente onde estava há exatos dois anos. Estava sentado trabalhando quando o prédio começou a tremer. Já <a href="http://japao.drebes.org/2006/05/terremoto.html">descrevi aqui</a> a sensação de um terremoto no Japão: o prédio balançando no sentido horizontal, como se um gigante o tivesse chutado. Dessa vez, era uma tarde de sexta-feira e o prédio mais uma vez começou a balançar. Só que então, ao invés de logo parar, a coisa foi ganhando força. De repente o prédio não mais sacudia só em um eixo horizontal, mas em duas direções, de forma meio circular. Levou uns segundos até pensar que este podia ser “o grande” terremoto tanto esperado. Me veio na cabeça imagens da destruição de Kobe (神戸) de 1995, dos prédios tombados, e pensei que se realmente fosse o esperado grande terremoto de Kanto (関東), aquilo poderia acontecer no prédio que eu estava, também.<br />
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Pela primeira vez na vida a morte me passou pela cabeça. Virei para meu colega japonês para perguntar se deveríamos sair do prédio e, ao ver a sua cara de pânico, resolvi tomar imediatamente uma atitude. Desci as escadas em direção à rua. Chegando lá, todo mundo da vizinhança já tinha também saído dos seus prédios. Se ouvia um murmurinho e via a cara assustada de todos. Senti as ondas de choque propagando-se pelo chão: não era possível vê-las, mas sentia claramente diferenças de pressão em cada uma das pernas, como se o solo estivesse fazendo uma “hola”, como se <a href="http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=267051">estivéssemos em um navio</a>. Após o primeiro terremoto terminar, voltamos ao prédio para verificar se estava tudo OK, mas ficamos todos atentos para qualquer novo tremor.<br />
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A primeira réplica veio. Saímos novamente, e fomos a um estacionamento perto da empresa que também era classificado como zona de refúgio. Víamos os prédios e postes balançando. Mesmo não vendo destruição alguma em Tokyo, sabíamos que em algum ponto a coisa deveria ter sido feia.<br />
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<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/sLGzJW3WP8Q" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
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Há quase um ano estava trabalhando em Tokyo. Após a formatura do doutorado, tinha duas opções: ou voltar ao Brasil apenas com o título, e provavelmente seguir carreira acadêmica, ou experimentar o ambiente profissional, o que me interessava mais. De cara eliminei a possibilidade de trabalhar em uma empresa japonesa, pois nem possuo domínio suficiente da língua para uso profissional, nem acho que me encaixaria nas regras rígidas e inflexíveis (e de certa forma improdutivas) da cultura profissional japonesa. Procurei então vagas em empresas internacionais em Tokyo, e acabei recebendo uma oferta de uma empresa da qual fiquei sabendo ao ler uma entrevista do fundador uns anos antes, que despertou meu interesse por ser fundada e composta em grande parte por estrangeiros.<br />
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Desde que havia começado a trabalhar, nunca mais tinha encontrado meu grande amigo Sérgio, um moçambicano que fora meu colega no do curso de japonês, logo que chegamos ao Japão. Nesse mesmo dia tínhamos combinado de sair para jantar e colocar o papo em dia. Quando ficou claro que não haveria mais expediente naquele dia, tentei ligar para o Sérgio, para decidirmos se mantínhamos os planos ou adiávamos a nossa janta. Obviamente os telefones estavam todos congestionados, então por email combinamos de manter o acertado, já que os trens estavam todos parados e seria difícil voltarmos para nossas casas, de qualquer forma.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin_9W0x-8tP0pFPdNukeNYFtT_7wKk4bsdPIpCl4OdnDwu5Pg4API33UZAXeUQvaL1OAZwrrVk9tjpbsoisylbu64d2pEFmjsbo4NMc1LmKOPKkzXeX8xk3N4ZWooDmnFpX5-d/s1600/IMG_0071.JPG" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin_9W0x-8tP0pFPdNukeNYFtT_7wKk4bsdPIpCl4OdnDwu5Pg4API33UZAXeUQvaL1OAZwrrVk9tjpbsoisylbu64d2pEFmjsbo4NMc1LmKOPKkzXeX8xk3N4ZWooDmnFpX5-d/s320/IMG_0071.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
Saí do trabalho pelas 16:30, e resolvi fazer uma caminhada até o local onde ele trabalhava. Normalmente, levaria cerca de uma hora, mas como ele sairía só mais tarde, fui com calma, parando no caminho, observando as pessoas. Havia muito movimento nas ruas. Ao passar por uma pequena loja de eletrônicos, vi diversas pessoas em frente a vitrine assistindo às primeiras imagens dos estragos do tsunami (津波) em Sendai (仙台) pela TV. Nessa hora já sabíamos onde a destruição havia sido maior. Continuei minha caminhada, até um centro comercial onde pensei ser um bom local para esperar até o Sérgio se liberar. O prédio estava repleto de pessoas, sentadas em todo canto, no chão inclusive, coisa bastante incomum no Japão. E de tempos em tempos, quando o prédio voltava a tremer, o silêncio tomava conta do ambiente.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiycxUYpCBMaDNGMe1CMiSESXv0MzJa4JNYnX1fYKYsA34DTQ45V0nv52grOiEJj_2jse_DadVmqxAD8fgIrtbBTV5Eh8OPzxnr2lr2F1-qmDA8eBl0LEK4BOuVcxMyFJIib2b9/s1600/IMG_0073.JPG" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiycxUYpCBMaDNGMe1CMiSESXv0MzJa4JNYnX1fYKYsA34DTQ45V0nv52grOiEJj_2jse_DadVmqxAD8fgIrtbBTV5Eh8OPzxnr2lr2F1-qmDA8eBl0LEK4BOuVcxMyFJIib2b9/s320/IMG_0073.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
Finalmente nos encontramos e fomos para um izakaya (居酒屋), boteco típico japonês. Esses bares são muito populares entre colegas de trabalho nas sextas-feiras, e nesse dia não era diferente. Começamos a colocar o papo em dia, comentamos como estávamos vivendo desde que terminamos os nossos cursos, e que aquele era um momento histórico. Reparamos o quão surreal era a cena: o país certamente estava passando por uma de suas maiores tragédias, e as pessoas rindo, bebendo e “se divertindo” como se fosse uma véspera normal de final de semana, enquanto as imagens do tsunami no aeroporto de Sendai apareciam na TV do bar ao fundo. Concluímos que não era insensibilidade, mas sim que de fato não tinha mais nada o que se fazer, e o mais apropriado numa situação dessas era não deixar se abater, deixar a sensação de normalidade permanecer: “Life goes on.”<br />
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Se os telefones não funcionavam para voz, a rede de dados não teve maiores problemas. A primeira coisa que fiz quando tive a possibilidade, ainda à tarde, foi enviar emails a minha família, à Fernanda e amigos dizendo que estava tudo bem e sob controle em Tokyo. Agora, no bar, verificava Twitter, email e Facebook em busca de mais notícias. Lembro que ainda lá recebi os primeiros rumores de que a TEPCO estava tendo problemas para resfriar os reatores da Usina Nuclear de Fukushima (福島第一原子力発電所). Como eu sabia que esses reatores precisavam de resfriamento ativo em caso de desligamento, fiquei bastante preocupado, já que tinha certo conhecimento sobre no que isso poderia acarretar.<br />
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Continuamos nossa janta, e vi no celular que as primeiras linhas de metrô estavam recomeçando a circular. Era hora de voltar pra casa, “se ela ainda estiver de pé”, brincamos. Apesar da linha que ia até a minha casa ainda estar inoperante, com os metrôs em circulação poderia ir até a estação de Shinjuku (新宿駅) e chegando lá esperar meu trem. Tentei embarcar, mas o mar de gente me fez desistir, e desci na estação seguinte. Resolvi fazer o caminho a pé até Shinjuku. Daria cerca de duas horas, mas a noite estava agradável, meu trem ainda não estava operando de qualquer maneira, e muitas pessoas estavam fazendo o mesmo. Rapidamente improvisaram plaquinhas nas <em>koban</em> (交番, guaritas da polícia comunitária) com a direção a seguir para as principais estações. Para os que ainda tinham dúvida, simpáticos policiais respondiam quaisquer perguntas. Tudo tipicamente japonês.<br />
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Finalmente cheguei a estação de Shinjuku e vi que minha linha havia recém recomeçado a operar. Um mar de gente esperava para embarcar, e policiais controlavam o fluxo de gente, que se comportava exemplarmente como um único ser. Nessas horas o espírito de grupo do povo japonês é imbatível, inclui até os estrangeiros que ali também vivem. Os policiais diziam “venham, venham, venham” e de repente levantavam uma placa dizendo “parem!” e as pessoas paravam imediatamente e esperavam uns 5 minutos até que os policiais liberassem o fluxo novamente. E se uma pessoa ficava no grupo que tinha que esperar, ninguém dava uma “corridinha” pra passar pro grupo da frente. Além disso, ninguém era grosso com ninguém, todos solidários e trocando sorrisos. Mais educados que nas situações normais, até.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZvsyQVii6hP5OWgRLD5FSmCvjvL8en7dttMFu-nTqxxN6b-XXZpxY74AVKsbbBp8ujpoIKhp07QJlOFz06c0qpZjhxCkHJRRYo8Jlqm2Oy1Fz194wCGM-gaEawRBJtOC5IF57/s1600/IMG_0085.JPG" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZvsyQVii6hP5OWgRLD5FSmCvjvL8en7dttMFu-nTqxxN6b-XXZpxY74AVKsbbBp8ujpoIKhp07QJlOFz06c0qpZjhxCkHJRRYo8Jlqm2Oy1Fz194wCGM-gaEawRBJtOC5IF57/s320/IMG_0085.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVzB11Mb6XpfyLbZfUqbgJjPAFjooB-PJhSAVh4YDqSWwIgpn6YmctM69WA_YAHOEF-zeEuQ4M8lPVyrRzjQkLNb7i6JB-OY_-0iNj8Alo-bCXtPoM9nPtk-Wzqiw2b7bsL7yZ/s1600/IMG_0084.JPG" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVzB11Mb6XpfyLbZfUqbgJjPAFjooB-PJhSAVh4YDqSWwIgpn6YmctM69WA_YAHOEF-zeEuQ4M8lPVyrRzjQkLNb7i6JB-OY_-0iNj8Alo-bCXtPoM9nPtk-Wzqiw2b7bsL7yZ/s320/IMG_0084.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
Depois de cerca de 20~30 minutos, embarquei no trem em direção à minha casa. Chegando na estação, passei numa loja 24 horas para comprar alguns mantimentos e água engarrafada, caso precisasse para uma emergência. A loja ainda estava cheia de produtos. Lembrava de ter lido que após um grande terremoto, havia grande chance de uma réplica forte, às vezes até mais que o terremoto original. Tinha medo que ela viesse durante à noite, enquanto eu estava dormindo, então ao chegar em casa preparei uma mochila com a água e os mantimentos, vesti minha roupa mais quente (estava um pouco frio e eu tremia, mas na verdade tremia mais de nervoso do que frio), me informei onde era o centro de refúgio mais perto, e finalmente tive tempo para “relaxar”. Minha casa estava não só inteira, como com apenas algumas coisas viradas ou fora do lugar. Falei com meus pais pela Internet, e deixei a TV ligada onde via os alertas de tsunami. Os tremores continuavam, a cada cerca de meia hora. Fiquei sentado no sofá assistindo TV, e lembro de ter conseguido dormir, sentado das 5 as 8 e meia da manhã.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjJAh1UV6PXmIZvALsUXLP_Zcsd9G_GiGV7GktG6KJ3oxYMqnxx64WaiEZ2djCqqkxEG9x2S496-SCa4bkoc31eKvlpz4eewEnHsu9XYh0l8CowUhjSbGP52hlFD16npP5nl3H/s1600/DSC_1518.JPG" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjJAh1UV6PXmIZvALsUXLP_Zcsd9G_GiGV7GktG6KJ3oxYMqnxx64WaiEZ2djCqqkxEG9x2S496-SCa4bkoc31eKvlpz4eewEnHsu9XYh0l8CowUhjSbGP52hlFD16npP5nl3H/s320/DSC_1518.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 213px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
Já era sábado, mas não dia de descanso.<br />
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(Continua…)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-58372994516998737192010-07-28T21:27:00.005+09:002010-07-28T21:37:31.705+09:00Diagnóstico: Alzheimer<p>
Recebi a notícia agora há pouco de que minha avó, que lutava contra o Alzheimer há mais de uma década, faleceu aos 92 anos. Como a Lia Luft coloca tão bem no texto que compartilho com vocês abaixo, “O doente em geral não sofre. A família, sim.”. Apesar dos anos que tivemos para nos preparar, é, portanto, um momento de alívio, mas ainda assim de tristeza. Obrigado por tudo, vozinha.
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Almocei com um amigo semanas atrás e, quando perguntei a razão de seu abatimento, ele me disse sem rodeios: “Esta manhã recebi o diagnóstico de minha mãe: é Alzheimer”. Imaginei essa senhora, alegre e vital, enveredando pelas sombrias trilhas de uma enfermidade diabólica, e entendi a tristeza de meu amigo como se fosse minha. Minha própria mãe morreu aos 90 anos, depois de bem mais de uma década sendo paulatinamente envolvida na mortalha mental e emocional do Alzheimer. Uma bela mulher ativa tornou-se inexoravelmente uma estranha, raramente ostentando uma vaga semelhança com a que fora minha mãe.
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A doença se manifesta em geral muito sutil: um esquecimento aqui, uma confusão ali. Uma atitude estranha aqui, outra ali, intercaladas por fases de aparente normalidade. A sociabilidade muda, os bons modos parecem esquecidos, o controle do dinheiro se torna caótico, e é dificílimo interferir. Há enorme resistência dos familiares em aceitar essa enfermidade. Para mim, minha mãe sofria episódios naturais de esquecimento. Só o choque de um dia a encontrar com uma pintura bizarra no rosto, ela tão recatada, me fez cair na duríssima realidade. Ela já não sabia – ou em longos períodos não sabia – o que estava fazendo. Algumas pessoas mais chegadas tinham me avisado: eu havia me recusado a ver.
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O que eu disse a meu amigo, disse a mim mesma nos muitos longuíssimos anos daquela jornada: o doente em geral não sofre. A família, sim. O que se pode fazer? Muito pouco, além de cuidar para que ele esteja bem alimentado, bem abrigado, medicado e tratado com carinho. Nada de criticar quando não sabe mais quem somos, porque no fim não sabe mais quem ele próprio é. Quando já não se porta à mesa como antes, quando faz “artes” às vezes perigosas, ele precisa ser protegido, não mais ensinado. Não vai mesmo aprender. Como sempre nas doenças graves, devemos lembrar que a vítima não somos nós: é o outro. Nesse processo, que em geral dura muitos anos, não há nada de bom, de belo, de encantador, a não ser o exercício da ternura, da paciência e dos cuidados, sem esperar muito retorno, pois em breve seremos chamados de senhor, senhora, moça, não mais de filha, filho, meu querido. O ser amado se distancia, sem volta, sem saber, sem querer e sem que nada possa evitar: agora havia ali uma velhinha da qual eu cuidava como podia. Por fim, para a proteger de si própria, por insistência dos médicos ela foi posta na melhor clínica que pude assumir. Jamais esquecerei a dor e a culpa que me assaltaram, contrariando qualquer raciocínio. Milhares de vezes tentei me convencer de que minha mãe nem existia mais, era apenas uma velhinha de quem eu tinha de cuidar. Como ficção, funcionava; como realidade, a cada uma das centenas de visitas meu coração se partia outra vez.
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Cuide de sua doente, eu disse a meu amigo, da melhor forma. Não alimente nenhuma esperança vã, pois tudo é triste, infinitamente desalentador. Uma coisa que ajuda, um pouco, é tentar entrar no universo do doente, em lugar de querer que ele retorne ao nosso. Mas cuide também de si mesmo. Tente pegar-se no colo, proteja-se da culpa insensata que nos espreita, siga sua vida. Na natureza morrem árvores jovens, e velhas árvores tortas vivem muito além da última floração. Estamos mergulhados no mistério: isso torna a vida possível mesmo quando não a entendemos.
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-- Lia Luft
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</blockquote>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-4577938597382418772010-03-24T01:05:00.006+09:002010-03-24T01:29:57.639+09:00Formatura, logo mais!<p>
Quando terminei o mestrado na UFRGS em 2005, não teve cerimônia de formatura. O Japão, por outro lado, faz questão de celebrar tudo: lembro da minha surpresa em 2006 ao saber que a reunião com os estudantes que estavam entrando no doutorado era na verdade uma cerimônia de entrada, e que eu não estava vestido apropriadamente.
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Pois bem, logo mais é minha cerimônia de formatura do doutorado. É um pouco diferente das do Brasil. Primeiro, há uma cerimônia grande no campus central, onde os alunos formandos da graduação, mestrado e doutorado das áreas de exatas assistem uns discursos de professores e diretores dos institutos. Algumas horas depois tem uma cerimônia pequena no departamento, quando de fato recebemos o diploma.
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A cerimônia geral terá transmissão pela internet, no endereço <a href="http://sotsugyo.itc.u-tokyo.ac.jp">http://sotsugyo.itc.u-tokyo.ac.jp</a>. A formatura começa às 21:00 (horário de Brasília) de hoje (23 de março, aniversário da minha irmã!), e a transmissão começa um pouco antes às 20:50. Quem estiver sem nada de útil pra fazer, e quiser conferir um monte de discursos em japonês, é só conferir lá. Mas não esperem me ver no video recebendo canudo nem fazendo agradecimentos, porque isso não tem por aqui.
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<p>Enquanto espero, vou me preparando que nem a irmã do Charlie Brown, aí embaixo.
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Estou de volta! Ao Brasil ainda não, mas pelo menos ao blog. Andei afastado porque estava terminando a tese de doutorado. No Japão, cronograma é muito importante. Diferentemente do Brasil, onde os cursos de pós podem terminar em qualquer momento, por aqui os cursos podem ser concluídos apenas em duas datas no ano, e a decisão deve ser feita com mais de 6 meses de antecedência.
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Como já havia mudado o tema da pesquisa duas vezes e estendido o doutorado por 6 meses, dessa vez estava na hora de me formar. Tive que recuperar o tempo perdido e, em menos de um ano, achar uma linha que ligasse tudo que eu já havia feito para “parir” uma tese. Foi uma correria. Dias e noites gastos no laboratório, experimentos, escrita de artigos e da tese. Enfim, como sempre, tudo deu certo, e minha defesa foi no fim de Janeiro. Agora estou resolvendo detalhes para minha formatura que será no fim de Março. Com mais tempo, posso voltar a escrever aqui, já que tanta gente perguntou por atualizações.
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Não vou contar o que aconteceu em ordem cronológica; vou começar contando da viagem mais recente e aos poucos contando outras histórias que aconteceram antes mas ainda não escrevi a respeito. Primeiro, claro, vou contar sobre a viagem que fiz com o vale que ganhei no concurso do video, em que tantos de vocês me ajudaram.
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Usei o voucher que ganhei de cerca de 400 dólares para visitar as duas cidades do Japão que, junto com Tokyo (東京), considero os pontos essenciais de se conhecer no Japão: Kyoto (京都) e Hiroshima (広島). Reservei um pacote de 3 dias que incluia passagem de trem bala (shinkansen, 新幹線) e hotel. Como já conhecia as duas cidades, isso foi suficiente. Revisitei alguns dos meus lugares preferidos e aproveitei para conhecer outros novos.
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Quem acompanha esse blog de longa data deve saber que Kyoto foi a cidade onde primeiro morei no Japão, quando fiz um estágio lá no verão de 2003. Já visitei a cidade outras vezes desde que voltei ao Japão (descrito <a href="http://japao.drebes.org/2006/06/regresso-kyoto-parte-1.html">aqui</a>, <a href="http://japao.drebes.org/2006/06/regresso-kyoto-parte-2.html">aqui</a> e <a href="http://japao.drebes.org/2006/06/regresso-kyoto-parte-3.html">aqui</a>) e a principal diferença que notei agora é que, se antes sentia Kyoto como minha “terra natal” por aqui, hoje já me sinto muito mais ligado a Tokyo. Foi estranho, mesmo hoje sabendo muito mais japonês (mas ainda assim pouco) para me virar em Kyoto, me sentia por lá como um turista, coisa que nunca aconteceu antes (e não acontece em Tokyo). Também, foi a primeira vez que visitei Kyoto no inverno. A cidade tem outra cara: não senti, por exemplo, o cheiro forte de doces a base de feijão na Estação de Kyoto (京都駅). Não sei se eles são sazonais ou era eu que estava com o nariz entupido. :)
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Apesar do inverno, não peguei neve por lá: uma pena já que muitos dos templos e parques de Kyoto ficam muito bonitos cobertos de neve. O que fiz de novo foi visitar dois lugares que nunca tinha ido antes: o jardim do Santuário Heian Jingu (平安神宮神苑) e o templo Nishi Honganji (西本願寺). Este templo passou quase 10 anos em restauração e estava fechado todas as vezes que visitei Kyoto desde 2003. O que mais me impressiona nesse tipo de templo é como a forma de construção (de madeira, com piso de tatami - 畳) torna o ambiente fresco no verão e aquecido no inverno, sempre agradável, sem nenhum tipo de aquecimento ou resfriamento ativo. Ah, se mais da arquitetura contemporânea ainda levasse estes pontos em consideração!
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O único ponto negativo da visita foi que, devido a curta duração, não tive tempo de revisitar meus amigos japoneses que lá moram. Quero ver se ainda encontro tempo para mais uma visita em breve.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi151bglOhnVBdBZ09GKd11bwm_zTate2x0V6fM1mXAm61X_oddyKWy69Svz_QLaAAaB6skowQEEvuKsg-bIJ7NIPdIXipHxf6jvSSauFQGBtl1ZJNmEXYJ7xGrJfiZD4J2AuKH/s1600-h/DSC_0400.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi151bglOhnVBdBZ09GKd11bwm_zTate2x0V6fM1mXAm61X_oddyKWy69Svz_QLaAAaB6skowQEEvuKsg-bIJ7NIPdIXipHxf6jvSSauFQGBtl1ZJNmEXYJ7xGrJfiZD4J2AuKH/s320/DSC_0400.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439617001732655490" /></a>
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Já Hiroshima fazia mais tempo que não visitava. Estive lá apenas uma vez, em 2003. A visita foi marcante e considero uma cidade que todo ser humano deveria ter a chance de visitar, algum dia, pelas suas principais atrações: o Parque Memorial da Paz (平和記念公園) e o Museu (平和記念資料館).
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Hiroshima é hoje uma cidade alegre, com poucos vestígios do passado exceto pela área do Parque, construído sobre a região devastada pela Bomba e que preserva um dos poucos prédios que resistiram a ela. O que mais gosto do museu é que, além do detalhismo, conta os acontecimentos de maneira imparcial e nada maniqueísta. Por exemplo, na entrada do Museu, onde é mostrado o ambiente pré-guerra no Japão, se vê claramente como o exército Japonês pressionava o povo para contribuir para sua campanha imperialista, e como os japoneses celebraram a invasão da Manchúria. Do lado Americano, mostra que, com a entrada da União Soviética na guerra e a iminente rendição Japonesa, o uso da Bomba foi provavelmente para justificar o grande investimento Americano colocando os EUA em uma posição hegemônica no pós-guerra. Mas mostra também o auxílio Americano no tratamento das vítimas da radiação. Enfim, se aprende muito lá, se pensa muito no passado e no futuro da humanidade. E toca os visitante profundamente.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4zudyXteL9sESAfEBu7Gr6lKrplRtZE-rrSNjji-yuoTNmjVknStlRuWOeCB9pJ9n-LqAqOT1aUc4lSVZZ8KqNBVzgo3b0KbIyxjbxzlfaiIDGiPBviwbT_DhdBXuHdUCCXb7/s1600-h/DSC_0488.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4zudyXteL9sESAfEBu7Gr6lKrplRtZE-rrSNjji-yuoTNmjVknStlRuWOeCB9pJ9n-LqAqOT1aUc4lSVZZ8KqNBVzgo3b0KbIyxjbxzlfaiIDGiPBviwbT_DhdBXuHdUCCXb7/s320/DSC_0488.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439617236852218498" /></a>
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Com o resto do curto tempo da minha viagem, o plano era visitar Miyajima (宮島), ilha próxima de Hiroshima onde existe um famoso templo e portal sobre as águas do mar. Mas como já havia estado lá em 2003, também, resolvi seguir a sujestão do meu amigo Marcos (que estuda em Hiroshima) e visitar uma outra cidade ali perto: Iwakuni (岩国). Passei apenas a manhã de domingo lá, visitando a ponte Kintaikyo (錦帯橋) e o quarteirão com antigas casas da época dos samurais (侍). O tempo não ajudou: estava frio e o céu nublado, então após tirar algumas fotos, terminei minha viagem e voltei para Tokyo a bordo do shinkansen.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9DUhuwd_qb_9fa66t-9maFufKyDLCnoaVH2s_CUu1XBTn_9c5XrubnJcjiUAR76bHFe9EWQE7E5s2G5qFH4BLggsnly0bSKjZeQqrfwCUDfag6gg9hniriQpm9K9Ptx6S_AMu/s1600-h/DSC_0493.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9DUhuwd_qb_9fa66t-9maFufKyDLCnoaVH2s_CUu1XBTn_9c5XrubnJcjiUAR76bHFe9EWQE7E5s2G5qFH4BLggsnly0bSKjZeQqrfwCUDfag6gg9hniriQpm9K9Ptx6S_AMu/s320/DSC_0493.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439617447185773650" /></a>
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As demais fotos da viagem estão no <a href="http://picasaweb.google.com/drebes/KyotoHiroshimaEIwakuni">álbum no Picasa</a>.
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-52720615827467230422009-08-04T17:53:00.004+09:002012-06-15T04:10:30.946+09:00Favorzinho...<p>Há 3 anos, <a href="http://japao.drebes.org/2006/07/ns-as-sardinhas.html">postei aqui</a> um vídeo do trem lotado que pegava todas as manhãs para ir a aula de japonês. Recentemente, enviei o mesmo para um concurso de vídeos de Tokyo. Ele não tem nada de especial em si, o interessante é o que mostra. E não é que o vídeo foi parar na final do concurso? Agora tem uma votação para escolher o melhor vídeo... </p><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/hYJzPs8jnnk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<p>Então, quem quiser me ajudar (o primeiro prêmio é um voucher de ~400 dólares para viajar dentro do Japão, prometo aproveitar bem e escrever a respeito se ganhar!), é só ir na <a href="http://www.tokyotopia.com/tokyo-video-competition.html">página de votação</a> e votar no meu vídeo: “Crowded Train in Tokyo”.</p><p>O site limita a uma votação por endereço IP, ou seja, um voto por computador (se duas pessoas tentarem a partir do mesmo, só irá contar o primeiro voto). Mas nada impede de se votar de casa, do trabalho, etc. :) </p><p>A votação vai só até o dia 10 (dia 9 no Brasil)! Yoroshiku onegaishimasu (宜しくお願いします). </p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-45378381340919708272009-05-31T13:53:00.004+09:002009-06-01T23:03:04.840+09:00Em busca da sustentabilidade<p>
<em>Já faz um tempo que eu queria escrever um post sobre como é o sistema de lixo aqui no Japão. A Fernanda escreveu um email sobre o assunto para seus amigos, e eu gostei tanto que convidei ela para colocar o texto aqui e compartilhar com vocês. Espero que gostem!<br><br>-- Roberto Jung Drebes<br></em>
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O tema de hoje é algo com que me preocupo já há alguns anos: a consciência ambiental.
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Toda vez que acabava a carga das pilhas da calculadora, do dicionário eletrônico, do controle remoto etc. eu lembrava que eu deveria comprar pilhas recarregáveis para substituí-las. Mas pela comodidade de comprar uma cartela de pilhas na loja da esquina por 2 reais, eu acabava me acomodando. Este mês, pus fim a essa inércia: dediquei
parte do meu orçamento mensal a um carregador de pilhas e a um conjunto de pilhas AA e AAA recarregáveis. Não foi barato: paguei cerca de 140 reais no conjunto (embora a conta pudesse ser menor, talvez menos de 100 reais, se eu comprasse pilhas com menor capacidade e um carregador mais lento). Esse custo provavelmente demorará para
ser compensado pela não-necessidade de comprar pilhas, ou talvez, nunca será compensado. Porém, o motivo de eu ter feito essa opção não foi financeiro, e sim ambiental.
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As pilhas jogadas no lixo comum contaminam o solo e os lençóis freáticos, pois muitas delas contém metais pesados e outras subtâncias tóxicas. Mesmo separando para reciclagem, o gasto de material e energia é inevitável. Na embalagem do carregador que eu comprei diz que eu posso carregar as pilhas cerca de 1200 vezes. Imaginem o número de pilhas que eu vou evitar comprar, usar e jogar.
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Desde adolescente me interessa o assunto de reciclagem do lixo. Em 1992 teve uma campanha de conscientização sobre a reciclagem do lixo em Curitiba ("Lixo que não é lixo não vai pro lixo. Se-pa-re!"), e desde então minha família passou a ter o hábito de separar lixos recicláveis. Quando mudei a Campinas, vi que esse costume não era tão comum. Era estranho jogar casca de banana junto com o potinho de iogurte. Mas ao morar com umas amigas da universidade, decidimos separar o lixo, e minha consciência ficou mais tranquila. Se realmente todo esse material é reciclado, é outra história. Mas fazemos nossa parte.
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Aqui no Japão há diferentes regras de separação do lixo, variando com a região onde se mora. Até mesmo dentro de Tóquio, cada distrito tem sua regra. Há lugares onde a separação é bem rígida, mas no distrito onde moro é razoavelmente simples: lixos incineráveis, não-incineráveis, latas, garrafas pet, garrafas de vidro, bandeja de isopor e papel. Além disso, tem os postos de coleta de pilhas e baterias, óleo usado, tecidos e outros lixos específicos. O material reciclável separado é pouco, mas imagino que esse pouco realmente seja reciclado. Com a falta de espaço para despejar o lixo que 120 milhões de pessoas produzem numa área 23 menor que do Brasil, o Japão apela para a combustão do lixo, que eu não acho muito ecológico, pelo gasto de energia e geração de dióxido de carbono, mas que não é muito pior que acumular nos imensos lixões como no Brasil. Aliás, mesmo as grandes cidades do Brasil também já estão tendo problemas com o despejo do lixo.
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Se reciclar é bom, diminuir o lixo é ainda melhor. Quando eu morava no dormitório da universidade, no meu primeiro ano no Japão, acumulei tanta sacola de plástico de supermercado que, na hora de me mudar, joguei fora uma sacola cheia de sacolas dentro, e ainda levei uma parte delas para a minha nova casa, para diminuir um pouco o peso na consciência. O acúmulo de sacos plásticos se deu principalmente pelo fato de eu receber sacos de lixo no dormitório, o que fazia com que eu não usasse as minhas sacolas para jogar o lixo, além da minha falta de costume de usar sacolas não-descartáveis. Eu ganhei uma sacola de pano nos primeiros meses de Japão, mas mesmo assim às vezes esquecia de levá-la ao supermercado e outras, esquecia de dizer ao caixa para que não colocasse as mercadorias nas sacolas de plástico. Com o tempo, fui
me educando a usar a sacola de pano e desde então tenho diminuído consideravelmente o volume de sacolas na minha casa. Se eu sozinha juntei um volume tão grande de sacolas, penso na quantidade de sacolas poderiam deixar de ser produzidas - e descartadas - se todos usassem sacolas reutilizáveis.
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Embora o Japão se preocupe com a reciclagem, é também um país que gera muito lixo, e um dos principais motivos é o excessivo uso de embalagens (sem entrar no assunto de descarte de eletrônicos). Às vezes compro um pacote de biscoitos querendo "encher a mão" e colocar vários na boca de uma vez, e meu prazer é barrado ao ver que os biscoitos estão embalados um a um. A apresentação é impecável, mas o gasto de material poderia ser reduzido... Além disso, os japoneses tem hábito de comer "obento", ou seja, marmita. Originalmente esses obento eram preparados em casa pela dedicada esposa e mãe, que cozinhava e enfeitava as marmitas para seus maridos e filhos levarem no trabalho e nos passeios da escola. Porém, com o passar dos tempos, a praticidade tomou conta das suas vidas, e os obento passaram a ser vendidos em lojas de conveniência e até em lojas especializadas em obento. E com isso, mais embalagens de plástico, mini-garrafinhas de shoyu, sachês de molho, hashi descartável etc. passaram a ser gerados.
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Na onda do ecologicamente correto, juntanto produtos ganhados e comprados, montei meu kit-obento: a marmita propriamente dita (chamo de "obentozeira"); kit-talheres desmontáveis, com garfo, colher e hashi; porta-oniguiri (bolinho de arroz) lindo com cara de porquinho; garrafinha térmica; sacolinha térmica para levar o obento. Para falar a verdade, não diminuo tanto lixo com esse "kit", pois eu nunca tive o costume de comprar obento pronto, já que não é muito saboroso. Eu só diminuí a frequência com que vou ao refeitório da faculdade, o que me fez economizar um pouco de dinheiro e ainda me permitiu fazer comidas do meu gosto. Porém, o uso do porta-oniguiri evitou o uso de filmes plásticos, que inicialmente eu usava para embalá-los, e a garrafa térmica diminuiu a compra de bebidas em garrafas pet.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEk11QS7hNncmxcsYK8iP6GZB8S2a86FwtjKmY3zMPa-Q-1t3x6kguOLCRzh1EmBpiAaTTCrkdDrfI-jLNEBjICV7Efg7HLX8oQuCxAwugtQR-8OR13Jp_eJiksz09eny76mhi/s1600-h/P1020131.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEk11QS7hNncmxcsYK8iP6GZB8S2a86FwtjKmY3zMPa-Q-1t3x6kguOLCRzh1EmBpiAaTTCrkdDrfI-jLNEBjICV7Efg7HLX8oQuCxAwugtQR-8OR13Jp_eJiksz09eny76mhi/s320/P1020131.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5341847513476372274" /></a>
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Minha mensagem é, como diz na minha sacolinha reutilizável: Reduza, Reuse, Recicle. Dizer que só um não faz diferença é desculpa para não começar. Um vezes 6 bilhões deve fazer diferença. E o que eu falei é uma parte muito pequena do problema todo. O que mais podemos fazer pelo futuro do nosso planeta?
</p>Fernandahttp://www.blogger.com/profile/02109566693232748913noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-14677311528425214242009-04-17T00:05:00.014+09:002009-04-17T10:14:40.261+09:00A Brasília do Camboja<p>
Nossa viagem de ano novo não foi só para a Tailândia. Aproveitamos que já estaríamos praqueles lados e resolvemos também dar um pulo rápido no Camboja, mais especificamente nos templos de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Angkor_Wat">Angkor</a> na cidade de Siem Reap.
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Antes de vir pra Ásia, nunca tinha ouvido sobre o complexo do Angkor Wat: acho que é reflexo da nossa ignorância ocidental da história da civilização asiática, dessa sensação de que a forma em que a humanidade vive hoje vem da Europa e de que os acontecimentos e realizações de outras culturas são apenas curiosidades históricas. Fiquei sabendo pela primeira vez sobre os templos de Angkor em um <a href="http://www.tobuws.co.jp/en/exhibit/world_1_1.html">parque de miniaturas</a> no Japão, onde existem maquetes de vários patrimônios da humanidade, e depois por relatos de amigos que também visitaram o sudeste Asiático. Indo para a Tailândia, ali do lado, fizemos questão de visitá-los.
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O Camboja é um país pobre, e ir de Bangkok até Siem Reap de ônibus, dizem, não é muito agradável. É fato: a gente não gosta de ter contato direto com miséria, ainda mais quando não há muito a nosso alcance para acabar com ela, e o caminho por onde o ônibus passa é pouco desenvolvido. Algumas semanas antes, também, ocorreram uns conflitos na fronteira do Camboja com a Tailândia, então resolvemos escolher a alternativa mais cara, um vôo operado pela Bangkok Airways que leva direto a cidade dos templos, sem nem ao menos passar pela capital Phnom Phen. Como a empresa tem monopólio nessa trajeto, o custo do vôo não é dos mais baratos, mas foi completamente válido. Chegamos direto no novo <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Angkor_International_Airport">aeroporto turístico</a> em Siem Reap (lembra um pouco o de Porto Seguro), onde já fomos recebidos pelo nosso motorista de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Autorickshaw"><em>tuk tuk</em></a> que nos levaria ao hotel.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYROVNFLTk8lnZwJqifemjkB7yhJhtVuxibaSSsfs0kc83NmoAPuo3Tl4UejElJj2PcserGd40VYqzRepqw-6T34er32k71VfoPLqPYaxhp8VFhvtlaWmVUqpo9tK3qgsPdN63/s1600-h/P1060561.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYROVNFLTk8lnZwJqifemjkB7yhJhtVuxibaSSsfs0kc83NmoAPuo3Tl4UejElJj2PcserGd40VYqzRepqw-6T34er32k71VfoPLqPYaxhp8VFhvtlaWmVUqpo9tK3qgsPdN63/s320/P1060561.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325306825248410754" /></a>
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O caminho assustou um pouco. Estava escuro e não conseguíamos ver muito bem como se pareciam as casas e as ruas na penumbra. Parecia que estávamos indo para um lugar bem pobre (no dia seguinte veríamos não ser ruim assim). O hotel era simpático, uma casa grande e arejada mantida por um Sr. australiano, com piscina, bar, etc. e funcionários bastante atenciosos. Antes de dormir, pedimos na recepção do hotel para agendar um motorista para nos levar no dia seguinte ao Angkor Wat, e a moça nos perguntou se gostaríamos de ver o nascer do sol nos templos, programa bastante comum. Já que estávamos descansados, aceitamos nos encontrar as 5 horas da manhã com o motorista do <em>tuk tuk</em> (o mesmo que nos buscou no aeroporto) para sair em direção aos templos.
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Dia seguinte, ainda escuro, lá estávamos nós. Chegando no templo principal, muitos outros turistas e uma escuridão total. Fomos andando entre as pedras, seguindo o som das outras pessoas, e a luz das poucas que levavam lanternas. Achamos um lugar bom para fotos, e esperamos amanhecer. Poucos pingos de chuva já indicavam que o céu não estaria aberto, mas fazer o quê, só tínhamos dois dias no Camboja.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBpE-SgD-TMm-71mhjx5yqbv6f47qKsSaBxXUppEk273iPrNBqS8PW9ht5G6Ymt4tUi_oPUSmy016_HCCvf6w-MtRtluqyUJ6nzFViuFeWH0Ajr8zSOzEVlC9QSBbWG2Jrdp7g/s1600-h/P1060599.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBpE-SgD-TMm-71mhjx5yqbv6f47qKsSaBxXUppEk273iPrNBqS8PW9ht5G6Ymt4tUi_oPUSmy016_HCCvf6w-MtRtluqyUJ6nzFViuFeWH0Ajr8zSOzEVlC9QSBbWG2Jrdp7g/s320/P1060599.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325307029576803298" /></a>
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De fato, o nascer do sol não foi dos mais bonitos. Não foi igual aos <a href="https://www.allposters.com/-sp/Sunrise-Over-Angkor-Wat-Angkor-Cambodia-Posters_i2493041_.htm">postais</a> com o nascer por detrás das pedras do templo mas, mesmo assim, foi uma experiência única. Assistir qualquer amanhecer é sempre encantador: é como um entardecer mas com as pessoas, o ambiente, em outro ritmo. Ao clarear, demos as primeiras voltas no templo de Angkor Wat, e resolvemos partir para visitar os outros templos, voltando ali à tarde.
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Passamos os dois dias visitando templos. Para quem não sabe muito da história da civilização Khmer (como nós), parece tudo muito igual. São grandiosas construções-cidades esculpidas em pedra, o estilo mudando pouco de uma para a outra (para nossos olhos ignorantes de história). <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG_CnhHnZj8r6XwIXMZujWqtWh-uK5sw_QV6ftkvpjEqoFrNDMZhLOI0dipYX-glZ4zxUjybZQ47xrbNlJ8j8GmEkuKHFdzoLa46joLINIleF8ippEWQJo_2fzZPKt5EwyoT1D/s1600-h/P1060758.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG_CnhHnZj8r6XwIXMZujWqtWh-uK5sw_QV6ftkvpjEqoFrNDMZhLOI0dipYX-glZ4zxUjybZQ47xrbNlJ8j8GmEkuKHFdzoLa46joLINIleF8ippEWQJo_2fzZPKt5EwyoT1D/s200/P1060758.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325307337177349346" /></a> Além do Angkor Wat, os destaque são os templos de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Ta_Prohm">Tah Prohm</a>, com enormes raízes de árvores crescidas sob as ruínas das construções originais (e cenário do filme Tomb Raider), os grandes rostos esculpidos em pedra no <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Bayon">Bayon</a> do <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Angkor_Thom">Angkor Thom</a>, e os detalhados relevos nas paredes das ruínas do <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Banteay_Srei">Banteay Srei</a>. Fiquei imaginando o custo e trabalho de construir tudo aquilo. Primeiro, pensei, estranho todo esse investimento em enormes construções não ter sido feito em prédios do governo (são templos religiosos), mas daí lembrei: naquela época - e em várias outras culturas -, religião e governo eram a mesma coisa. O Angkor Wat era a Brasília do Camboja. :)
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Em todo lugar que íamos, era forte a insistência de crianças para que comprássemos bugigangas. Era chato, mas inevitável em um lugar assim, onde a sobrevivência de muitas famílias depende do turismo. Tínhamos que ignorar completamente os pedidos, senão não conseguiríamos ver tudo em 2 dias, e com o tempo (às vezes muito tempo) elas paravam. Ao visitarmos o <a href="http://www.cambodialandminemuseum.org/">Museu de Minas Terrestres</a> (que patrocina o desenvolvimento e educação de algumas crianças da região) lemos um depoimento de uma menina mantida pelo museu em que ela dizia querer aprender inglês para poder vender mais <em>souvenirs</em>, o que confirma essa cultura. Uma pena: sabendo inglês, uma pessoa assim teria um potencial muito maior, poderia facilmente trabalhar no turismo como guia ganhando muito mais (alias, vimos guias locais falando todo tipo de idioma, do japonês, línguas latinas, inglês, hindi, etc), mas a ignorância não permite que eles reconheçam seu real potencial.
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Falando em minas terrestres, o Camboja é um dos países onde seu impacto foi mais devastador, resultado dos anos de guerra civil e do regime do <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Khmer_Rouge">Khmer Rouge</a>. Liderado por <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Pol_Pot">Pol Pot</a>, esse período é lembrado pela tortura, fome, trabalho forçado, execuções, e proibição e destruição de tudo de origem ocidental. Enfim, destruíram o país. Ao andar entre os templos, sugere-se que os turistas não se afastem das áreas mais populares pois ainda podem haver minas terrestres perdidas em locais remotos. Pelos anos 80 o Vietnã invadiu o Camboja e continuou o conflito, mas isso levou a mudanças e o país finalmente conta com um governo que, se não perfeito, pelo menos é estável e democrático. O povo Cambojano sofreu muito, e vê-los na atualidade dá esperança no desenvolvimento. Pensei no nosso motorista, Heng. Ele aparentava uns 50 anos, mas deveria ser mais jovem. Fiquei imaginando como teria sido sua vida e de sua família naqueles anos, e como ele vivia agora, com os dólares do turismo, e tive certeza que o sorriso constante no seu rosto era reflexo dele, finalmente, saber o real significado de felicidade.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieN4R0wrL14cIGvENMljkesPPBWoNSB0Wlqec2-yZOtDOVWX9jg3Rl33NJMS1ZUFPUzUVejI_zyC9OncxwxF42jEz0-tQbNTrMoLR_0YIh5FPgOSzJp-AdOMLzZVLTHe2d9uKC/s1600-h/P1060899.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieN4R0wrL14cIGvENMljkesPPBWoNSB0Wlqec2-yZOtDOVWX9jg3Rl33NJMS1ZUFPUzUVejI_zyC9OncxwxF42jEz0-tQbNTrMoLR_0YIh5FPgOSzJp-AdOMLzZVLTHe2d9uKC/s320/P1060899.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325307631953436018" /></a>
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Nos templos vimos também muitas crianças cambojanas em excursão escolar. Olhando pra elas, ficava imaginando o que pensavam vendo um passado tão grandioso do seu país, comparado com sua situação atual de pobreza e de pouca relevância internacional. Claro, elas nem tinham idade pra pensar nisso, ainda, mas com certeza é um pensamento que outros cambojanos com um pouco mais de educação devem ter.
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Mas se o Camboja não está mais no seu apogeu, também já saiu dos seus piores anos. O progresso chegou. Siem Reap não impressiona só pelos templos. A cidade também possui muitos hotéis internacionais de 5 estrelas, e um centro cheio de bares e restaurantes agradáveis. Claro, essa região é para os turistas e os preços são todos em dólar (alias, só se usa dólar em Siem Reap. Trocamos uns poucos dólares no aeroporto e tivemos dificuldade em conseguir gastar tudo), e bem mais caros que nos lugares “locais”, mas ainda com preços baratos para padrões internacionais. Jantamos em um restaurante simpático, comemos sorvete numa sorveteria/padaria que tinha até internet wireless! Não imaginava nada disso no Camboja. A lembrança que me deu é daqueles filmes de época, onde europeus e americanos iam para o oriente médio ou norte da África e tinham um tratamento de primeira classe. Nunca me imaginei naquela situação. Tendo-se dinheiro, talvez isso seja possível em qualquer lugar, mas nas nossas viagens estilo <a href="http://www.lonelyplanet.com/">Lonely Planet</a>, nunca tínhamos tido a experiência. :)
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyNY1o5U1ACXcw17n5mF0zn-2aWElXmuDgrDmxFR-J_v6JynqZf_U0IAFJtvaiQwvTXaIc7NOSn5Ff4mK8AlSFJL31Jrh6U9BZSOeeN_gaqkzrBXAXDJ3JHB9G0tlJPzLSVweA/s1600-h/P1060846.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyNY1o5U1ACXcw17n5mF0zn-2aWElXmuDgrDmxFR-J_v6JynqZf_U0IAFJtvaiQwvTXaIc7NOSn5Ff4mK8AlSFJL31Jrh6U9BZSOeeN_gaqkzrBXAXDJ3JHB9G0tlJPzLSVweA/s320/P1060846.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325307870083628370" /></a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-10682350359248952452009-03-04T23:44:00.004+09:002009-03-09T17:23:25.065+09:00Dessa vez, não era uma pedra.<p>
Hoje, quando ia para o laboratório, logo após sair da estação próxima de casa, o trem parou. Não foi uma parada brusca, foi parando suave, até que parou completamente, no meio do caminho até a estação seguinte. Não fazia nem um minuto que tinhamos partido, e nem um minuto depois de pararmos, o aviso foi feito no sistema de som: “este trem parou por um acidente com atropelamento”. Tive a mais triste das “experiências típicas” do Japão: fui testemunha de um suicídio nos trilhos do trem.
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Por incrível que pareça, isso é comum. Seguido, nos trens que circulam dentro de Tóquio, podem ser vistos avisos de que os trens estão atrasados por motivos de “acidentes nos trilhos”, mas nunca havia acontecido de ser justamente no trem em que eu estava. Após o anúncio, alguns passageiros até demonstraram alguma reação, mais de surpresa, quebra de rotina, mas muitos não tiveram reação alguma, continuaram como se fosse o tradicional anúncio de qual é a próxima estação de parada. Entre os que reagiram, a maioria se limitou a pegar o celular para enviar mensagens. E o trem ficou ali parado, por 15 minutos, com as pessoas sentadas esperando. Aos poucos, os passageiros foram telefonando e avisando que chegariam atrasados em seus compromissos devido ao acidente, mas nenhuma pessoa demonstrou curiosidade sobre o ocorrido, tentando ver o que estava acontecendo ou contando mais sobre o acidente no celular. Após os 15 minutos, o funcionário do trem - além do maquinista, os trens costumam ter um outro funcionário no fim do último vagão que é responsável pelos avisos e pela abertura e fechamento das portas - voltou a anunciar sobre o ocorrido, com uma voz bastante nervosa e cometendo erros.
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Paramos na próxima estação, pegamos mais alguns passageiros, mas assim que partirmos fomos avisados de que aquele trem sairia de operação na próxima estação, e todos deveriam descer. Lá, todos desembarcamos, a plataforma ficou lotada, e o trem foi movido para um dos trilhos paralelos, onde funcionários observaram a frente do trem (não havia marcas, apenas um pouco de sangue na lateral do pára-choque) e a parte inferior do primeiro vagão.
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As pessoas embaracaram no próximo trem continuando para suas estações de destino, onde chegando muitos pegaram o “<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Delay_certificate">comprovante de atraso</a>”, um pequeno formulário que as empresas de trem já tem preparados para distribuir sempre que uma linha de trem atrasa mais que alguns minutos. Estes documentos são usados para justificar porque as pessoas não chegaram a tempo em seus compromissos. A pontualidade do japonês depende em grande parte da pontualidade dos trens: existem <a href="http://grace.hyperdia.com/cgi-english/hyperWeb.cgi">sites</a> onde, informando-se qualquer estação de origem e de destino dentro do Japão, o sistema calcula toda a rota e horários que devem ser tomados para se chegar ao destino em qualquer horário definido. Na grande maioria dos casos (isto é, quando não há imprevistos) esses sistemas funcionam muito bem e nos fazem poupar muito tempo. Mas quando algo de diferente acontece, a realidade fica inconsistente com os horários pré-determinados por horas, até que os trens consigam recuperar o atraso.
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Eu não sei o que leva tantas pessoas no Japão a se suicidarem, mas eu tenho uma teoria. A socieade japonesa não dá muita liberdade ao indivíduo de dar rumo a sua própria vida. O japonês típico tem uma vida confortável, mas, na minha visão, sem graça. Parece que todo japonês leva a mesma vida: nasce, entra na escola, aprende a conviver com os coleguinhas e ser um “bom japonês”, se mata estudando no colégio para entrar na faculdade, vadia durante os 4 anos de faculdade (e às vezes mais dois no mestrado), encontra um emprego de escritório em uma grande empresa japonesa, se casa, tem filhos, se mata trabalhando na mesma empresa até envelhecer, perdendo contato com a própria família, que passa a considerá-lo um estranho quando ele retorna ao convívio doméstico após se aposentar. É como se a sociedade o colocasse numa esteira lá no início da vida, e sem que a pessoa tenha que tomar nenhuma grande decisão, ela vai passando por ele, sem muito controle sobre ela.
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Só que essa mesma esteira que provê uma vida fácil e confortável, torna um transtorno a vida de qualquer um que queira ter experiências diferentes. Japoneses não gostam de viver por um tempo no exterior pois tem medo de não conseguir reentrar na sociedade após a volta, não gostam de empreender pois tem medo de não conseguirem retornar aos seus empregos caso o empreendimento não de certo. Não saem da esteira porque é ela a forma “certa” de viver, e qualquer um que o faça é visto com estranheza, como um dissidente que tenta quebrar a harmonia do grupo. Ou, ainda que a pessoa não tenha grandes ambições de fazer e ser diferente, ela simplesmente não sabe como agir quando a vida coloca diante dela uma situação em que, pela primeira vez, ela tenha que decidir por si só como agir. É como os horários dos trens: funcionam perfeitamente até alguma coisa saia dos planos. E essa pressão é o que acredito ser a causa de tanta depressão, um sentimento de que a vida é tão miserável e que não vale a pena ser vivida, que termina levando tantas pessoas a achar como única saída se jogar na frente de um trem, não precisar mais dar satisfação a ninguém.
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Coincidentemente, após o “transtorno” causado pelo pobre cidadão, chego no laboratório e encontro <a href="http://www.nytimes.com/2009/03/02/opinion/02tamamoto.html?_r=1">esse ensaio</a> do New York Times de um japonês comentando sobre a “crise psicológica” que assola o país, e que em alguns pontos vai ao encontro do que escrevi aqui.
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-39527805090830600862009-02-28T02:17:00.020+09:002009-03-02T12:37:48.710+09:00Onde todos os gatos são siameses<p>
Apesar de não comemorarem o Natal, os japoneses fazem um pequeno recesso na virada de ano, não tão longo quanto no Brasil mas que mesmo assim oportuniza de se viajar um pouco mais longe. Um dos destinos que queríamos conhecer há algum tempo era a Tailândia, mas lendo a respeito do país descobrimos que o melhor clima por lá é no final do ano, então decidimos ainda em outubro por passar o ano novo lá.
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Compramos a passagem ainda antes das confusões políticas e tomada do aeroporto, o que nos deixou um pouco apreensivos de que a viagem poderia não sair. Mas nas nossas leituras sobre o país também ficamos sabendo que golpes de estados são até comuns por lá, não envolvem os confrontos armados e confusões que esperamos (principalmente nós, brasileiros) desses eventos. São processos bem mais pacíficos e com bastante apoio popular. Assim imaginamos que as coisas logo se acalmariam.
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E assim foi. Algumas semanas antes da data programada a situação se acalmou, permitindo nossa viagem, que acabou acontecendo na véspera de Natal, 24 de dezembro. No Japão, tirando a decoração do comércio, não existe “clima natalino”, então não foi tão estranho passar a noite de Natal dentro do avião, até porque estávamos empolgados com a viagem. Havia poucos ocidentais no nosso vôo, e a única referência natalina, apesar do avião ser da Northwest, empresa americana, era um dos comissários com um gorrinho de Papai Noel, que parecia ser indiano. Ainda com a questão do fuso, não tinhamos nem mesmo hora exata para “celebrar” o Natal.
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Chegamos em Bangkok (ou Krung Thep, กรุงเทพฯ, o nome em tailandês) passada a meia-noite, e o ônibus para a região do hotel não operava mais, assim tivemos que usar um táxi. Já sabíamos onde ir para pegar os taxis normais, e o esquema de se pedir o destino em um guichê que escrevia o endereço no alfabeto local para os taxistas, que raramente falam inglês, mas mesmo assim a comunicação foi difícil, pois não entendiamos nada que o motorista falava. Mas deu tudo certo, chegamos no hotel sãos e salvos.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_F-CI8Khf-ydDnlCBrH23ixCSg2Ao-d1SVReYiuFkGm4nAn15K0aUyoLSXXjTqFGS8LH5VSZeZJA-pZLjKEF9TBuGmJJA91bSftpE95i1gbUmVkTcgmlT4g0kFyrlUDcWhCLI/s1600-h/P1070245.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_F-CI8Khf-ydDnlCBrH23ixCSg2Ao-d1SVReYiuFkGm4nAn15K0aUyoLSXXjTqFGS8LH5VSZeZJA-pZLjKEF9TBuGmJJA91bSftpE95i1gbUmVkTcgmlT4g0kFyrlUDcWhCLI/s320/P1070245.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307528243391430642" /></a>
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Bangkok é a típica cidade grande de país em desenvolvimento: segundo meu amigo Rômulo, lembra o Rio de Janeiro. Não sei, o que posso dizer é que é bastante poluída, barulhenta e com muito tráfego. O que mais chama a atenção é a grande quantidade de templos budistas (religião oficial da Tailândia). É como uma versão budista das cidades da Bahia, com as igrejas dando lugar aos templos. Mas se engana quem acha que budismo é tudo igual: os templos da Tailândia não tem nada a ver com os do Japão. A arquitetura, os temas, visual, todos muito diferentes. Muitas <em><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Stupa">stupas</a></em>, muito dourado, muito brilho. Parece um budismo “barroco”, completamente oposto ao budismo Zen, minimalista, do Japão.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnbjIT24WmCoUppFkadrByns_QvtLVm3EDR6m_G0QELE0fdHD6UV_QIRpou_iEmg4aKXSspmSpQVQev7rE2-7nVAaixzirIM-wadCnPPgMoes39yhyphenhyphenhkUL7jo_qflPrO6yhITT/s1600-h/P1070247.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnbjIT24WmCoUppFkadrByns_QvtLVm3EDR6m_G0QELE0fdHD6UV_QIRpou_iEmg4aKXSspmSpQVQev7rE2-7nVAaixzirIM-wadCnPPgMoes39yhyphenhyphenhkUL7jo_qflPrO6yhITT/s200/P1070247.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307528547874489506" /></a> As pessoas na Tailândia são muito religiosas. Em frente de várias lojas se encontram pequenos altares com velas e oferendas. Na Tailândia, existe uma <a href="http://flickr.com/photos/uninvolvedobserver/146916849/">Fanta sabor Morango</a> que eu achei muito boa. E seguido via as garrafinhas dessa Fanta, até com o canudinho, nos altares. Eu brincava que ia ali tomar a Fanta dando sopa e já voltava, mas não cheguei a fazer isso de fato (as Fantas não estavam geladas, hehe).
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Outra parte da “crença incondicional” dos tailandeses é relativa ao <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Bhumibol_Adulyadej">Rei</a>. Ele é absurdamente popular. Milhares de fotos dele e da Rainha podem ser vistas em Bangkok, em prédios públicos, cartazes, postes, em qualquer lugar por onde as pessoas passem. O desrespeito ao Rei é crime, e isso teria sido, dizem, um dos motivos dos golpes de 2006 e 2008, onde os primeiros ministros estariam tentando ganhar mais poder e diminuir a importância do Rei. A cor oficial do Rei é a amarela, que colore muitos dos monumentos na Tailândia, e camisas amarelas são bastante populares como forma de homenagem a ele. É por isso que os ocupantes do aeroporto em dezembro passado <a href="http://www.wsws.org/articles/2008/dec2008/thai-d01.shtml">usavam camisetas dessa cor</a>.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwqhBZquSeDolTDYJPBDWR3-_2rqOlCEw1_Sfit3Py2Y7Tv9qmwME6bmYenUd8tORlCIELMvaZrmmoT30ehrADiA6H_p7Z3KMWpn-E5sY-wIaNb6fbRkUtOvUn5HCK1SiohGNH/s1600-h/P1060530.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwqhBZquSeDolTDYJPBDWR3-_2rqOlCEw1_Sfit3Py2Y7Tv9qmwME6bmYenUd8tORlCIELMvaZrmmoT30ehrADiA6H_p7Z3KMWpn-E5sY-wIaNb6fbRkUtOvUn5HCK1SiohGNH/s320/P1060530.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307527912429870194" /></a>
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Não sei o motivo de tanta popularidade do Rei, afinal, ele faz parte do poder, o que deveria automaticamente gerar certa desconfiança. Uma possível explicação é que a Tailândia é o único país do sudeste asiático a nunca ter sido dominado por uma nação européia. Talvez isso dê um senso de orgulho nacional e veneração aos seus governantes. O que sei é que, por essa veneração sem questionamento, visitar o <a href="http://www.thailandmuseum.com/thaimuseum_eng/bangkok/main.htm">Museu Nacional de Bangkok</a> é bastante frustrante, pra quem tem interesse em história. O que se aprende são apenas os lados positivos de cada rei, e parece que ninguém mais além deles fez nada de importante pelo desenvolvimento da nação. Não se ouve sobre as intrigas, disputas de poder etc, que a gente sabe que caracterizam a história de tantos países e não teria porque na Tailândia ser diferente.
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Uma coisa que cansa em Bangkok é a constante “tiração de vantagem” em cima do turista. O que agrava o problema é que na Tailândia existe uma cultura de que perder a paciência é errado, e quem o faz automaticamente “perde” uma discussão ou disputa. Só que essa regra deve ter sido criada para os tailandeses, que provavelmente se comportam bem melhor entre seus conterrâneos. Após algumas tentativas desistimos de pegar taxis em Bangkok, pois nenhum motorista aceitava fazer a corrida pelo taxímetro. Em vez de ficarmos discutindo, desistimos e compramos um mapa das linhas de ônibus. Assim, economizamos em dinheiro e estresse.
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Além de Bangkok, viajamos para as ilhas Phi Phi (หมู่เกาะพีพี), ao sul da Tailândia, onde passamos a virada de ano. Conhecia o nome por ser o mesmo de um restaurante tailandês de Porto Alegre, mas a fama das ilhas vem de ter sido <a href="http://www.imdb.com/media/rm1317312768/tt0163978">cenário do filme “A Praia”</a> e pela destruição causada pela <a href="http://www.hobotraveler.com/169Tsunamikohphiphi_05.shtml">tsunami de 2004</a>.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUx38pL6pWw3YZtKrBik0jP6XFbMK-EKi4UNGXyl0b4gEm8bdQjLkg6zVN_r9L4bEQH32Zauy22qq-OPVgUSzLjKBRUfFR1sfp7mPfPiXuwXuV_sDClEc8C2GPtxjSMFVeXRsu/s1600-h/P1070120.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUx38pL6pWw3YZtKrBik0jP6XFbMK-EKi4UNGXyl0b4gEm8bdQjLkg6zVN_r9L4bEQH32Zauy22qq-OPVgUSzLjKBRUfFR1sfp7mPfPiXuwXuV_sDClEc8C2GPtxjSMFVeXRsu/s320/P1070120.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307528981965922098" /></a>
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Culturalmente, Phi Phi tem muito pouco de Tailândia. Mesmo os tailandeses que estão lá, em geral estão a trabalho, e todos falam inglês, idioma “oficial” da ilha. Mal se vê as placas no alfabeto tailandês que complicam tanto a leitura em Bangkok. Os europeus branquelas (e alguns <a href="http://japao.drebes.org/">brasileiros também</a>) refletem à luz do sol sobre a areia. Muitos brasileiros, aliás. Nunca havia visto tantos em nossas viagens pela Ásia. O turismo é “turbinado”, nada de “retiro paradisíaco” que se possa esperar. O desenvolvimento da ilha, mesmo após a tsunami e reconstrução, se dá de forma desenfreada, e no pequeno espaço da ilha existe tudo que o turista pode precisar (e até o que não precisa).
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd60EH_QGZzZhi2naxUqkXv1YVyPaVsJT_XSOmCMQgbPBgyeMVKQLz5JFKc53KdQI5N6EqmAL1lo4R4cTWv_qrdznawMs8bzunlgxw0ypdWFoBzaeNxOEWcmDxhET8UefRx_Ej/s1600-h/P1070189.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd60EH_QGZzZhi2naxUqkXv1YVyPaVsJT_XSOmCMQgbPBgyeMVKQLz5JFKc53KdQI5N6EqmAL1lo4R4cTWv_qrdznawMs8bzunlgxw0ypdWFoBzaeNxOEWcmDxhET8UefRx_Ej/s320/P1070189.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307529246151453602" /></a>
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O ambiente na ilha lembra muito Santa Catarina. As praias, também, tirando os destaques, não são muito diferentes das praias mais bonitas do Brasil. O que muda bastante é na qualidade de serviço (melhor), na segurança, mas também nos preços (mais caros que em Bangkok, mas talvez ainda mais baratos que no Brasil). A viagem foi ótima, descansamos, recarregamos as energias para a vida em Tokyo e fugimos do frio por alguns dias, mas fiquei bastante curioso sobre o que faz tantos brasileiros gastarem tanto, viajarem meio mundo, para ter experiências de praia tão parecidas com as do Brasil.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0pQl_UOTFIgFLNv-VvAQX7nzs3x8T2E09LfCchGZB7Y38_4gUDih2-cZ_3hcWyqjwc-9P8LaU3bwG4CVxPupqqJZZOUrDKrtfB5_QNGkwWzy_t6NkZkx2a5R7UorafpS09UK/s1600-h/P1070209.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0pQl_UOTFIgFLNv-VvAQX7nzs3x8T2E09LfCchGZB7Y38_4gUDih2-cZ_3hcWyqjwc-9P8LaU3bwG4CVxPupqqJZZOUrDKrtfB5_QNGkwWzy_t6NkZkx2a5R7UorafpS09UK/s320/P1070209.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307529464704080386" /></a>
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Ah, e uma curiosidade: Sião é o antigo nome de Tailândia, e todos os gatos de rua que vimos em Bangkok eram de fato de raça siamesa! (Diferentemente desse aí de cima, que é apenas um “gato escaldado” que “tem medo de tsunami”.)
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-79651794446009224062009-02-20T14:05:00.001+09:002009-02-20T14:07:49.581+09:00Primeira vez no Japão<p>O <a href="http://arturcarpes.blogspot.com/">Artur</a> cresceu comigo em Porto Alegre e recentemente esteve em Tokyo. Ele escreveu no blog dele as <a href="http://arturcarpes.blogspot.com/2009/02/impressoes-do-japao.html">impressões que teve daqui</a>. Depois de quase 3 anos no Japão, acabo esquecendo o que senti quando vim pela primeira vez pra cá, sem nenhuma relação ou interesse especial por esse país. As impressões do Artur lembram bastante o que senti, e pela forma clara e interessante em que se expressa, recomendo.
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-72931642518549431542009-01-19T17:36:00.010+09:002009-01-19T22:09:44.240+09:00Made in Taiwan<p>Na verdade, não, é um post japonês, mas sobre a viagem pra Taiwan (台灣) que fiz há cerca de um mês e fiquei devendo. Espero que ainda não tenha esquecido muitas das impressões e consiga passar um pouco do que senti por lá.
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Estive na capital, Taipei (台北), por 4 dias, participando de uma conferência pequena. Foi suficiente para ter uma primeira impressão e levantar algumas comparações com a China continental, que queria fazer desde que <a href="http://japao.drebes.org/2007/05/negcio-da-china.html">estivemos por lá em 2007</a>. Minha principal curiosidade era tentar identificar se haviam diferenças significativas na forma de se comportar do povo chinês e taiwanês, e se isso era resultado do desenvolvimento sob as duas formas diferentes de governo. Que existiriam diferenças era óbvio: mesmo na China se vê muito contraste de região para região. Mas mesmo assim existe um “espírito chinês” que permeia toda a China, que eu queria procurar em Taiwan.
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Pra começar a se entender Taiwan é preciso saber pelo menos o básico sobre sua história. Desde tempos remotos a ilha já era ocupada por povos nativos, e quando os exploradores europeus avistaram a ilha não tiveram interesse em colonizá-la. Os portugueses a chamaram de “Ilha Formosa”, um dos nomes usados até hoje. A China Imperial também não fez muita questão de assumir o território, sendo os japoneses quem fizeram a primeira ocupação moderna da ilha, no final do século XIX. Na época, o Japão estava na sua fase expansionista, em busca de novos territórios na Ásia e recursos naturais. Não surprende o Japão ter se interessado em Taiwan que, mesmo não sendo tão rica em recursos, tinha um ambiente muito parecido com o Japão (ilha montanhosa, cheia de florestas e rios de águas cristalinas) e, claro, fica no meio do caminho para o sudeste asiático. Os japoneses aproveitaram o que puderam de Taiwan. Muitas das florestas da ilha foram derrubadas para se usar sua madeira na construção de templos no Japão. Até mesmo o famoso e enorme torii (鳥居) do Santuário Meiji (明治神宮) em Tokyo, foi construído com essa madeira. Mas os japoneses também tiveram muita importância no desenvolvimento do território, trazendo sua tecnologia e industrialização para a construção de infra-estrutura e rede de ensino.
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Com o fim da 2ª guerra, em 1945, Taiwan foi devolvida à China, agora não mais Império mas dominada pelos burgueses e intelectuais, que destronaram “o último imperador” e estabeleceram a República. Alguns anos depois, em 49, vem a revolução comunista, e Mao e companhia, cansados das injustiças dos republicanos, os colocam pra correr. Deixando a China continental às pressas, eles se instalam em Taiwan, levando consigo, é claro, todos os tesouros históricos da China, que hoje estão em exibição no enorme <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/National_Palace_Museum">Museu Nacional do Palácio</a>, em Taipei.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8HrprRFH6ODfLBkZP_zvUJ32v8ojnZMCDbSschoz9m43nLjkzn7yfTKEQG74lih-By6G1bPTnD8CvY0D3rmsdv84rpwf9yOhnOJjlmJfgX1QeASeF9-1eV817X4xSMw_zwx-W/s1600-h/P1060120.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8HrprRFH6ODfLBkZP_zvUJ32v8ojnZMCDbSschoz9m43nLjkzn7yfTKEQG74lih-By6G1bPTnD8CvY0D3rmsdv84rpwf9yOhnOJjlmJfgX1QeASeF9-1eV817X4xSMw_zwx-W/s320/P1060120.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292923769277195266" /></a>
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E é por isso que o governo de Taiwan, que descende desses políticos que fugiram da China, se considera o verdadeiro governo chinês, no exílio, e oficialmente chama Taiwan de República da China, em contraste com a República Popular da China estabelecida pelos comunistas na China continental. Seu plano final seria retomar o poder no continente, no dia que o regime comunista terminar. E é por isso que a China, por outro lado, não considera Taiwan como um país independente, apenas como uma “província rebelde”.
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Entendendo isso logo se vê que tentar justificar as diferenças entre chineses e taiwaneses somente pelo sistema político é simplificar demais. Primeiro, porque muito da cultura, hábitos e forma de vida dos habitantes da ilha foi fortemente influenciada pela longa ocupação japonesa. Segundo, porque os chineses que tomaram a ilha não eram da classe camponesa, mas sim a elite cultural da República da China. E observando as pessoas, isso é evidente.
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Andando pelas ruas de Taipei, em nenhum momento lembrei das ruas de Pequim (北京) ou Shanghai (上海), cidades de mesmo porte na China. E não me refiro só em termos de edificações, mas principalmente das pessoas. A forma de se comportar, vestir, me fazia pensar estar no Japão, e tinha que me controlar para não tentar falar com as pessoas em japonês. As pessoas pareciam mais controladas, introspectivas, preocupadas com a aparência, como é comum no Japão. Me senti seguro, em nenhum momento desconfiado, diferente de como me senti na China continental. E, claro, a influência japonesa se completa na grande quantidade de empresas japonesas operando na ilha, o que faz com que às vezes se esqueça de que não se está no Japão.
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Passeei por Taipei, visitei o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Taipei_101">Taipei 101</a> - maior prédio do mundo em operação, não só construído mas também projetado em Taiwan, o que demonstra seu desenvolvimento humano -, e o Museu Nacional do Palácio, usei o metrô limpo, bonito e eficiente da cidade. Até peguei o trem bala que, em cerca de 1 hora e meia, praticamente atravessa de norte a sul a ilha e leva até o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_Lake">Lago Lótus</a>, lugar turístico onde diversos templos criam um cenário bastante exótico (pra mim) e bonito. Depois de tudo isso, já tinha sentido que Taiwan era muito diferente da China. Mas ainda restava uma dúvida: Taiwan é um país, afinal? Sabia as respostas oficiais, tanto da China quanto do governo taiwanes, mas o que pensavam os taiwaneses?
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Por sorte, dividi a mesa do jantar da conferência com os alunos que estavam trabalhando na conferência, e por terem praticamente a minha idade e mesmo background (estudantes), o clima ficou logo amigável e descontraído. Falamos sobre universidades, pesquisa, países, e finalmente lancei a pergunta: “voces consideram Taiwan um país?” A primeira resposta foi a oficial, histórica, de que Taiwan era o governo da República da China no exílio etc, então reformulei a pergunta: “sim, mas para voces, pessoalmente, a impressão é de que Taiwan é um país? Voces se sentem chineses?” e os rostos passaram a demonstrar mais dúvida e certa discordância. A impressão geral que tive é que a resposta não é unânime, mas que o pessoal mais novo, e que portanto não cresceu na esperança de que um dia voltariam a ser chineses, se sentem antes de tudo taiwaneses, mesmo que não neguem sua origem chinesa. E tentando me colocar no lugar deles, imaginei que seja parecido com brasileiros que, descendendo de europeus, como eu, sabem suas origens e dão o devido valor a elas, mas não conseguem se ver como europeus, antes de brasileiros.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLjjyWRthPgniRdVxEKPj3cXO9dO6Ji9aj5U15iscRTDU_BRvjLYa-6rWbkv8UNv7fkI8D3JBG4yailRq-OV7HllCShyphenhyphenXL_ChOmfKmftbrJ-phrkpYSlBlEWq-zDMRqg4mXJSt/s1600-h/P1060333.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLjjyWRthPgniRdVxEKPj3cXO9dO6Ji9aj5U15iscRTDU_BRvjLYa-6rWbkv8UNv7fkI8D3JBG4yailRq-OV7HllCShyphenhyphenXL_ChOmfKmftbrJ-phrkpYSlBlEWq-zDMRqg4mXJSt/s320/P1060333.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292922915351578210" /></a>
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Taiwan tem todas as obras e infraestrutura de país desenvolvido, mas isso não é a única coisa que indica o desenvolvimento de um país. Também é preciso se considerar o desenvolvimento de seu povo, e isso não é indicado só por <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Índice_de_Desenvolvimento_Humano">um número</a>. A impressão que tive do povo taiwanês foi das melhores: um povo educado, ensinado e que, cada vez mais, tem noção de seu papel <em>no seu país</em> e no mundo.
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<li><a href="http://picasaweb.google.com/drebes/Taiwan">Fotos de Taiwan</a></li>
</ul>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-90742890655474993132008-12-19T16:44:00.006+09:002008-12-19T19:22:55.055+09:00Dobraduras do George Soros<p>
Acabei de voltar de Taiwan (台湾), estive lá por 4 dias e achei o país bem agradável, mas deixo pra escrever minhas impressões em um próximo post. O que eu vou contar hoje é uma situação que presenciei no trem de Tokyo até o aeroporto de Narita, uma história do cotidiano mas que ilustra algumas características do povo japonês.
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O aeroporto de Narita (成田空港) fica a cerca de uma hora de trem ao leste de Tokyo. Tem mais de uma linha que vai pra lá. Em geral, costumo pegar a mais barata, que pra mim oferece o melhor custo benefício. É uma linha comum, logo, tem muitos passageiros que não estão indo para o aeroporto, mas apenas indo para o leste de Tokyo para visitar alguém, voltar pra casa etc. Indo para Taiwan, peguei o trem na estação inicial. Em seguida sentou na minha frente uma senhora já de idade avançada. Fiquei observando ela, achei seu rosto familiar mas não conseguia associar a ninguém conhecido.
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Depois de alguns minutos, notei que ela estava fazendo origami (折り紙, lit. dobradura de papel). Não reconheci na hora qual a figura que ela estava fazendo, o que reparei é que não era um origami “amador”, simples. Inclusive ela utilizava papel especial para origami (um lado vermelho, o outro prateado). Continuei observando a senhora e suas dobraduras e vi que ela tinha bastante destreza, além, claro, de boa memória para lembrar toda a seqüência de passos.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTu-l7L87q78dJZ6e0Y4Pb4zpTPW2PkbEqQRSYjx0kbta-nxotQ2asiLoyTmgNm8R_7QSZ2VNLORTJ6GHyHIYBdOQPNZBk5pG9zGyT3pJYMvllcS2KxU908qVOkhm0kUTn21EA/s1600-h/origami.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 200px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTu-l7L87q78dJZ6e0Y4Pb4zpTPW2PkbEqQRSYjx0kbta-nxotQ2asiLoyTmgNm8R_7QSZ2VNLORTJ6GHyHIYBdOQPNZBk5pG9zGyT3pJYMvllcS2KxU908qVOkhm0kUTn21EA/s320/origami.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281404277999435906" /></a>
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Achei aquilo interessante. É um ótimo passatempo para as viagens de trem, pensei, muito melhor do que os videogames que os jovens costumam utilizar. Também, deve ser uma boa forma de exercitar a mente e evitar o Alzheimer, já que exige bastante concentração e memória para lembrar de todos os passos da dobradura. Imagino que seja tão eficiente quanto fazer palavras cruzadas, com o benefício de ainda exercitar a coordenação motora.
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“Ah, claro!”, pensei, ao me dar conta de quem ela parecia. Ela era a cara do George Soros! Não acho que seja uma ofensa, porque é o <a href="http://images.google.com/images?hl=en&q=george%20soros&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi">George Soros que tem cara de velhinha</a>! Continuei a observando e vi que ela fazia uma figura atrás da outra, sem parar. Em poucos minutos ela fez umas 3 ou 4. As folhas de papel tinham uns 20x20 cm, e cada figura ficava do tamanho de uma xícara de cafézinho. Ao terminar cada uma, ela as colocava de volta na bolsa e puxava outra folhina para começar a próxima. As folhas já estavam dobradas ao meio, o primeiro passo comum de todas as figuras que ela montava. Imagino que ela, em casa, já antecipasse esse passo para agilizar o processo no trem.
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Mais tarde, outra senhora, sentada do lado da “origamista”, fez algum comentário sobre as dobraduras, e as duas começaram uma interessante conversa espontânea que raramente se vê nos trens do Japão, exceto eventualmente por idosos como elas. Falaram da vida, dos origamis, da família, da idade etc. A senhora das dobraduras contou que tinha 80 anos, ao que a outra respondeu, meio que sussurrando “Eu tenho 83...”. “Ah, então é minha irmã mais velha”, a primeira respondeu, e as duas começaram a rir. A “irmã mais nova” comentou que gostava de fazer dobraduras nas viagens de trem para matar o tempo, e que era bom exercício pra memória e para as mãos. Comentou que sabia fazer vários tipos, “todos completamente diferentes” disse ela com certo orgulho. Abriu a bolsa e começou a mostrar as figuras que já havia feito, as oferecendo todas para a “irmã mais velha” que, como todo japonês, as aceitou, claro. Fiquei imaginando como deveria ser a casa da “irmã mais nova”, cheia de origamis. Pelo menos, parecia, ela não era muito apegada as suas “obras” e facilmente as dava a estranhos. Alguns minutos antes, tinha visto, ela havia oferecido outras dobraduras a uma outra senhora que também a elogiou.
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A irmã mais velha guardou as 6 dobraduras que havia ganhado, “todas completamente diferentes”, e ficou mexendo na sacola, como que acomodando as coisas ou procurando algo. Aí eu logo previ: “ela vai dar alguma coisa em troca para a outra”. Isso é quase “lei” no Japão, ainda mais considerando gente daquela geração. E, tiro e queda, ela puxa uma caixinha de biscoitos e a oferece para a senhora dos origamis, em retribuição pelas dobraduras.
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É engraçado que até a língua japonesa reflete um pouco essa retribuição material por qualquer ação que recebemos de outras pessoas. Em japonês, o verbo para dar, presentear algo, a mim (ou alguém do meu grupo, família) é <em>kureru</em> (呉れる). E se alguém faz alguma coisa para mim ou meu grupo, o mesmo verbo é usado. Então, de certa forma, quando um japonês recebe uma ação, um favor ou gentileza de alguém, ele se sente obrigado a retribuí-lo como o faria se tivesse recebido algo material.
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A história acaba chegando na estação da cidade de Narita (成田, uma antes do aeroporto), onde as duas “irmãs” desembarcaram. Mas gostei de presenciá-la pois ela ilustra estes pequenos aspectos da cultura japonesa e estas regras não escritas. Primeiro, tem a questão dos idosos, indo a qualquer lugar, continuando seus hábitos para manter uma vida ativa. Segundo, tem a questão da (rara) interação entre estranhos, um pouco mais comum entre pessoas daquela geração. E finalmente, a obrigatória retribuição, de ter que responder a toda e qualquer gentileza recebida.
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-48260164473569061512008-11-26T12:01:00.007+09:002008-12-19T19:23:48.526+09:00Udon, comida para a alma<p>O meu prato preferido da culinária japonesa é o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Udon_(macarr%C3%A3o)">udon</a> (うどん), um macarrão grosso servido num caldo coberto com algum acompanhamento. Na primeira vez que vim para o Japão, quando tive o choque inicial com a alimentação, já que todo dia tinha que comer no refeitório da empresa onde fiz o estágio, foi o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> que agradou meu gosto e recuperou a minha tranqüilidade. Nessa época, comia <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> quase todo dia.</p>
<p>O meu preferido é o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">ebiten udon</span> (海老天うどん), onde o que vem em cima é um <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">tempura</span> de camarão. Outro que gosto é o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">niku udon</span> (肉うどん), o mesmo <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> coberto com fatias finas de carne cozida, às vezes de gado, às vezes de porco. “Preparar” um <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> no Japão é fácil, já que o supermercado vende todos os ingredientes pré-prontos. Além do macarrão, que é só colocar na água fervente por 3 minutos, eles vendem os <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">tempuras</span> já fritos, o caldo etc. Na verdade a única coisa que se tem que fazer é colocar tudo no prato. Aqui está o meu <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">ebiten udon</span>:</p>
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnCjEdCDb4YC1ImF0TB6mkD1Bup1lJbv53VEMGit3BvnBZ4gWdSY0Xsaw_4S6C93L2lnjCyAveIKF31BhntgYtUdviIfi6UICmWqIc89ChQ_QFElBI9z_NoP7EednN5t6CqHJh/s1600-h/P1050890.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnCjEdCDb4YC1ImF0TB6mkD1Bup1lJbv53VEMGit3BvnBZ4gWdSY0Xsaw_4S6C93L2lnjCyAveIKF31BhntgYtUdviIfi6UICmWqIc89ChQ_QFElBI9z_NoP7EednN5t6CqHJh/s320/P1050890.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5272800451201789474" /></a>
<p>A única diferença do meu pro <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> verdadeiro é que em vez de cebolinha, eu coloco <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">nori</span>, a mesma alga usada no <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">sushi</span>. Pra quem quiser ver <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udons</span> de verdade, pode olhar as fotos <a href="http://shop.gnavi.co.jp/udon/free14.html">dessa página</a>. Além de gostoso, o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> é muito barato, tendo cadeias de restaurantes que vendem o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> básico (sem os acompanhamentos) <a href="http://www.hanamaruudon.com/menu/index.html">a partir de 100 ienes</a> (cerca de 2 reais!).</p>
<p>No Japão, o lugar famoso para se comer <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> é a província de Kagawa (香川県), na ilha de Shikoku (四国). Estivemos lá esse ano e obviamente provamos os <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udons</span> locais. Honestamente, são bons, mas não tão diferentes dos que encontramos aqui em Tokyo. De repente não temos o gosto tão requintado para notar a diferença. O melhor <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon</span> que eu já comi foi no inverno passado, em uma estação da mesma linha que passa aqui perto de casa. De repente volto lá esse ano.</p>
<p>Em 2006 saiu <a href="http://lunapark6.com/udon.html">um filme</a> chamado UDON e rodado em Kagawa, onde o prato, considerado “comida para a alma”, é o pano de fundo pra história da relação de um pai, fazedor de <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udon </span>e seu filho, que não tem planos de continuar o negócio do pai. O filme é bom e tem lances engraçados, mas o mais legal são as diversas cenas do preparo e consumo de muitos tipos de <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">udons</span>.
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<p>Mas o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">ebi udon</span> que um dia eu quero fazer é <a href="http://cookpad.com/recipe/291231">esse</a>. :)</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-66046348048136118922008-10-16T17:46:00.011+09:002008-10-16T21:53:17.864+09:00A escrita japonesa<p>Uma das coisas que mais apavora os ocidentais que vem pra Ásia é a questão da escrita: “Mas e se eu não conseguir entender as placas?!”, “Por que eles não usam letras como todo mundo “civilizado”?!”. Hoje vou escrever um pouco sobre como é a escrita em japonês, como ela se relaciona com o chinês, e ainda alguns comentários, coisas que não são explicitamente ensinadas nas aulas de japonês (pelo menos não nos níveis básicos) mas observei durante meus mais de dois anos aqui. Notem que eu não sei japonês o suficiente pra garantir que o que escrevo aqui está certo, e peço aos amigos que sabem mais que me corrijam nos comentários. Ah, e importante! Para ler esse <i>post</i> é necessário ter instaladas as fontes asiáticas. No Windows elas são uma opção de instalação, no Mac elas vem instaladas por padrão.</p>
<p>A primeira coisa que deve ser levada em consideração é que o japonês é escrito em 3 alfabetos distintos (4 considerando o uso de caracteres ocidentais, que vou ignorar aqui):</p>
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<li><i>Kanji</i> (漢字) são os ideogramas de origem chinesa, que podem ter várias formas diferentes de leituras e representam (de forma geral, mas nem sempre) idéias. Os ideogramas japoneses não são exatamente os mesmos usados na China, mas quase todos tem origem chinesa. Alguns ideogramas japoneses são iguais aos ideogramas tradicionais chineses, outros são iguais aos ideogramas simplificados, e alguns (a minoria) são tipicamente japoneses.</li>
<li><i>Hiragana</i> (ひらがな), é um alfabeto fonético (cada símbolo tem apenas uma leitura, que não expressa significado) e é utilizado principalmente para partículas, terminações e flexões verbais. Visualmente é fácil indentificá-los pela sua forma simples (se comparado aos <i>kanji</i>) e linhas curvas.</li>
<li><i>Katakana</i> (カタカナ) é outro alfabeto fonético, usado para palavras estrangeiras e onomatopéias (como o som de animais, etc). Também é composto de caracteres simples, mas tem traços mais grosseiros. <i>Katakana</i> também é usado como recurso tipográfico para dar ênfase, como o uso de <b>negrito</b> em textos ocidentais.</li>
</ul>
<p>Um exemplo de parágrafo em japonês pode ser visto abaixo. Para quem sabe japonês, é óbvio identificar cada alfabeto, mas aqui uso cores diferentes pra auxiliar na identificação de cada um (<i>kanji</i> em preto, <i>hiragana</i> em azul e <i>katakana</i> em verde):</p>
<blockquote><span style="color: #008000">ホンダ</span><span style="color: #0000ff">は</span>16</span>日、<span style="color: #008000">ミニバン</span>「<span style="color: #008000">オデッセイ</span>」<span style="color: #0000ff">を</span>全面改良<span style="color: #0000ff">し</span>、17</span>日<span style="color: #0000ff">に</span>発売<span style="color: #0000ff">すると</span>発表<span style="color: #0000ff">した</span>。<span style="color: #008000">エンジン</span><span style="color: #0000ff">の</span>改良<span style="color: #0000ff">によって</span>馬力<span style="color: #0000ff">を</span>高<span style="color: #0000ff">めながら</span>燃費性能<span style="color: #0000ff">を</span>向上<span style="color: #0000ff">した</span>。<span style="color: #008000">オデッセイ</span><span style="color: #0000ff">はこれが</span>4代目。30</span>―40</span>代<span style="color: #0000ff">を</span>中心<span style="color: #0000ff">に</span>国内<span style="color: #0000ff">で</span>月4000</span>台<span style="color: #0000ff">の</span>販売<span style="color: #0000ff">を</span>目指<span style="color: #0000ff">す</span>。</blockquote>
<p>O texto é sobre o lançamento de uma nova minivan (ミニバン) chamada Odyssey (オデッセイ). Não consigo ler tudo, pois tem vários <i>kanjis</i> que não sei a leitura. Mas uma coisa legal dos ideogramas é que mesmo sem saber a leitura dá pra saber o significado. Por exemplo, a palavra 馬力 é formada pelos ideogramas de “cavalo” (馬) e “força” (力), logo, “cavalos de força”.</p>
<p>Quem for mais atento vai notar que não tem espaço entre as palavras. A quebra não é explícita, ela acontece quando se muda de alfabeto (por exemplo, com uma partícula), mas nem sempre (quando é apenas uma flexão verbal), ou quando os ideogramas combinados representam mais de uma palavra distinta. Pros japoneses isso não é uma questão tão importante, pois eles não estão acostumados com a idéia de palavras separadas. Mas para computadores tentando indexar textos por palavras, isso é uma questão a ser considerada.</p>
<p>Muita gente se assusta com a quantidade de <i>kanjis</i>: crianças em idade escolar devem saber 1006 ideogramas básicos antes da sexta série, e cerca de 2000 são necessários pra se ler um jornal. Mas o número total para uma pessoa culta pode chegar a 10 mil. O que as pessoas em geral não sabem é que esses milhares de ideogramas não são independentes, sendo a maioria combinações de outros <i>kanjis</i> e radicais. Por exemplo:</p>
<p>O ideograma com o sentido de “mulher” é 女. E o ideograma com sentido de “criança” é 子. Já o ideograma usado para “gostar” é 好. Faz sentido. Ou ainda, o <i>kanji</i> para “estudo” é 学, que também inclui o de “criança” (imagine uma fumacinha saindo da cabeça da criança de tanto estudar).</p>
<p>Outro exemplo: o ideograma para “árvore” é 木. O caractere de “bosque” é 林 e o de “floresta”, 森.</p>
<p>Partindo dos <i>kanjis</i> individuais se formam as palavras. “Universidade” é 大学, os ideogramas de “grande” e “estudo”. Logo, mesmo sem se saber a leitura dá pra adivinhar o significado, considerando que 小学, “pequeno estudo”, é escola básica e 中学, “médio estudo”, é escola secundária. Um dia, logo após sair de uma aula onde aprendi sobre o <i>kanji</i> 量 (quantidade), vi no trem um guri lendo um livro escrito 量子 na capa. Hmm, sabia que 分子, o <i>kanji</i> de “parte” combinado com o de “criança”, significava “molécula”. Supus que o livro fosse sobre Física Quântica. Procurei no dicionário, e era isso mesmo! É assim que a gente vai aprendendo.</p>
<p>Até agora evitei falar nas leituras, porque essa é uma das partes mais chatas de aprender os ideogramas. O fato é que quando os <i>kanjis</i> foram trazidos da China, o Japão já tinha sua língua própria que não tinha praticamente nada a ver com o chinês, e por isso os <i>kanjis</i> não eram por si só apropriados pra se escrever qualquer coisa em japonês. Inicialmente, o que se fazia era escrever tudo em chinês mesmo. Os únicos “letrados” eram pessoas que já sabiam chinês, e faziam a tradução “em tempo real” ao ler e escrever. Era como se eu escutasse, em português, alguém dizer “Olá, qual é seu nome?” e escrevesse no papel “<i>Hello, what’s your name?</i>” e quando me pedissem para ler o que estava escrito eu dissesse “Olá, qual é seu nome?”. Com a diferença que o chinês e o japonês são línguas muito mais diferentes que o inglês do português.</p>
<p> Para adaptar o <i>kanji</i> ao japonês, o que se fez primeiro foi associar os sentidos às palavras já existentes em japonês. Por exemplo, a palavra “pedra” é “ishi” em japonês. Em chinês, havia um ideograma para pedra, que virou o ideograma para pedra também em japonês: 石. À palavra “óleo”, “abura” em japonês, foi atribuído o caractere chinês 油 de mesmo sentido. Ao ver os caracteres isolados, os japoneses irão lê-los como “ishi” e “abura”. Mas quando os ideogramas são combinados, geralmente são usadas leituras mais parecidas com a do chinês original. A palavra 石油 é lida “sekiyu”, e significa “petróleo”, como na palavra de origem latina.</p>
<p>O interessante é que se pensarmos o papel do chinês na língua japonesa, ele é parecido com o do grego na nossa língua. Se vemos uma palavra como “democracia”, sabemos que é o “governo” (<i>kratos</i>) pelo “povo” (<i>demos</i>). Sabemos que muitas das palavras com “demo” se referem ao “povo” (“demográfico” etc), mesmo que “demo” sozinho nunca usemos com esse sentido. “Petróleo”, em japonês vem do chinês assim como “democracia” para nós, vem do grego.</p>
<p>Em alguns casos, idéias diferentes mas relacionadas foram associadas ao mesmo ideograma. Por exemplo, 月 é o ideograma para lua (<i>tsuki</i>) e também para mês (<i>getsu</i>). A palavra segunda-feira é 月曜日 (<i>getsu-youbi</i>), similar ao inglês <i>Mo(o)nday</i>. E domingo é 日曜日 (<i>nichi-youbi</i>), que como no inglês é o dia do Sol (<i>Sunday</i>), mas aqui o primeiro ideograma é lido <i>nichi</i> e o último <i>bi</i> (variação de <i>hi</i>). O mesmo ideograma de “Sol”, lido como <i>ni</i>, é <a href="http://japao.drebes.org/2007/09/no-topo-do-japo.html">usado na palavra <i>Nihon</i></a> (日本), o nome do país que literalmente significa a “origem do Sol”.</p>
<p>Mas de volta à leitura. Os intelectuais que sabiam chinês escreviam em ideogramas. As mulheres, que não tinham acesso à mesma educação, começaram a simplificar alguns ideogramas e usar esse alfabeto simplificado foneticamente, o que resultou no <i>hiragana</i>. Dizem que as curvas do <i>hiragana</i> são reflexo dessa origem feminina, uma forma mais suave de escrita (literalmente, <i>hiragana</i> significa “alfabeto suave”).<sup>1</sup></p>
<p>Com a reforma da escrita japonesa e a aproximação da escrita à língua falada (ao invés de simplesmente escrever tudo em chinês) o <i>hiragana</i> ganhou importância representando as sutilezas da língua que o <i>kanji</i> simplesmente não conseguia representar, como flexões verbais. Por exemplo, o verbo “entender”, é <i>wakaru</i> no presente, e <i>wakatta</i> no passado. São escritos em japonês como 分かる e 分かった, onde o primeiro caractere é o ideograma de “entender” e o restante é a flexão <i>karu</i> ou <i>katta</i> em <i>hiragana</i>. Agora, porque o ideograma de “entender” é o mesmo de “parte”, eu não entendo. :)</p>
<p>Não satisfeitos com dois alfabetos, os japoneses resolveram simplificar ainda mais o <i>hiragana</i> criando o <i>katakana</i>. Outra forma fonética de escrita, é um alfabeto onde os caracteres são bastante parecidos com os do <i>hiragana</i>, mas tem os traços mais grosseiros. Por exemplo, compare a expressão <i>kana</i> em <i>hiragana</i> e <i>katakana</i>: かな e カナ (ou ainda, em <i>kanji</i>: 仮名). Os caracteres com o som de <i>ka</i> (か em <i>hiragana</i>, カ em <i>katakana</i>) descendem do ideograma 加, enquanto os caracteres com o som de <i>na</i> (な em <i>hiragana</i>, ナ em <i>katakana</i>) descendem do ideograma 奈.</p>
<p>Por fim, quero fazer um comentário rápido sobre a “moda” no ocidente de se escreverem nomes em japonês. Primeiro, nomes ocidentais são sempre escritos em <i>katakana</i>, que é apenas uma forma fonética de se escrever o nome<sup>2</sup>. Tem gente que aparece com um monte de ideogramas tatuados no corpo e diz que aquilo é seu nome em japonês. Não é. O único caso em que um estrangeiro recebe um nome em <i>kanji</i> é se ele se naturaliza japonês, o que é bastante raro. Nesse caso, ele deve escolher um nome em ideogramas para usar em seus documentos oficiais. Um exemplo é o jogador de futebol brasileiro Alessandro Santos, naturalizado japonês que utiliza o nome 三都主. O nome pode ser lido como <i>santosu</i>, mas não tem significado real (seria algo como o “chefe das 3 capitais”). Outra forma de escolha dos ideogramas é pelo significado, por exemplo, considerando o significado da palavra “santo”, ele poderia ter escolhido o ideograma 聖人, que significa “santo” mas é lido <i>seijin</i>, se bem que nesse caso um nome assim não cairia bem considerando a humildade tão valorizada no Japão.</p>
<small><sup>1</sup> O romance mais tradicional do Japão, “A lenda de Genji”, que celebra 1000 anos este ano e é considerado o mais antigo do mundo, foi escrito por uma mulher exclusivamente em <i>hiragana</i>.</small><br/>
<small><sup>2</sup> Diferente do chinês, que não usa alfabetos fonéticos e portanto também usa ideogramas para palavras estrangeiras. McDonald’s no Japão é マクドナルド, na China, 麦当劳. Uma guria chinesa me contou que muitos chineses acham que a Pepsi Cola é chinesa por causa disso. Se bem que muitos gaúchos já acharam que “a Pepsi é gaúcha”. ;)</small>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-18167312138847237292008-09-16T21:18:00.004+09:002008-09-16T21:26:17.292+09:00Janta do dia-a-dia<p>
<em>Don</em> (丼) significa tigela de arroz. Com certeza é um dos pratos típicos da culinária japonesa, tem até um <em>kanji</em> próprio só pra ele. Existem vários tipos de <em>don</em>, dependendo do acompanhamento que vem sobre o arroz.</p>
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Um dos meus preferidos é o <em><a href="http://www.the-don.co.jp/menu/kaisen/index.html">maguro</a> <a href="http://www.maguro-ichiba.co.jp/menu.html">don</a></em> (まぐろ丼) onde o acompanhamento é <em>sashimi</em> de atum. Gosto porque é praticamente um sushi gigante, mas tem mais “sustância" e é absurdamente fácil de fazer. Num potinho se mistura <em>shoyu</em> com <em>wasabi</em>, e se despeja essa mistura por cima. Essa foi minha janta de hoje:
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXqDCGlaCRU9u4qgxokMGlvY96FosgdaPZXTF3XIRPos7gFRkDeoxhsX-WtQgIqURuN5JSqdcTGUY_Q7SKN_CUiMKg-5Zl24uR5DZhfbJKc3_Dood7d_Dg5BUAp6sqnn6pmeew/s1600-h/P1050727.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXqDCGlaCRU9u4qgxokMGlvY96FosgdaPZXTF3XIRPos7gFRkDeoxhsX-WtQgIqURuN5JSqdcTGUY_Q7SKN_CUiMKg-5Zl24uR5DZhfbJKc3_Dood7d_Dg5BUAp6sqnn6pmeew/s320/P1050727.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5246593738835568066" /></a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-32429218513526861672008-09-10T13:05:00.003+09:002008-09-10T13:17:21.022+09:00Passeando pela vizinhança...<p>Esqueci de contar...</p>
<p>Quando estava em Boston, o Google iniciou o serviço StreetView em Tokyo. Pra quem não conheçe, é uma recurso do <a href="http://maps.google.com.br/">Google Maps</a> que permite se “passear” pelas ruas, vendo fotos em 360 graus capturadas no local. Aí embaixo está meu prédio. Pela neve na rua, eu acho que as fotos foram tiradas no final de janeiro (pouco depois <a href="http://dorebesu.blogspot.com/2008/01/neve.html">desse post</a>), logo antes de eu ir ao Brasil. Arrastando o mouse sobre a foto é possível olhar nas outras direções, e clicando nas setas sobre a rua é possível “mover-se” para a direção da seta.</p>
<iframe width="425" height="240" frameborder="0" scrolling="no" marginheight="0" marginwidth="0" src="http://maps.google.com/maps/sv?cbp=1,84.86863161735903,,0,-12.603150444985207&cbll=35.659529,139.569458&panoid=K5N6BGDFTFs_ubJMnJc9uA&v=1&hl=en&gl="></iframe><br /><small><a href="http://maps.google.com/maps?f=q&q=%E8%AA%BF%E5%B8%83%E5%B8%82&ie=UTF8&om=1&layer=c&cbll=35.659529,139.569458&panoid=K5N6BGDFTFs_ubJMnJc9uA&cbp=1,84.86863161735903,,0,-12.603150444985207&ll=35.668245,139.548512&spn=0.004672,0.009656&z=14&source=embed" style="color:#0000FF;text-align:left">View Larger Map</a></small>
<p>Ah, e pra quem não respondeu, a <a href="http://dorebesu.blogspot.com/2008/09/j-que-ningum-comentou-o-ltimo-post.html">pesquisa</a> ainda está aberta.</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-49095205712376369122008-09-08T01:13:00.003+09:002008-09-08T01:17:30.394+09:00O ovo do Godzilla<p>
Aqui no Japão é muito comum presentear produtos “consumíveis”, principalmente quando se visita alguém. No início achava esse hábito meio estranho: quando a gente dá um presente, espera que a pessoa o guarde, se lembrando da gente, não? Mas aqui, principalmente pela questão de espaço, é muito comum se dar comidas, frutas, até produtos do dia a dia, como presente. Existe até uma época do ano em que os supermercados preparam caixas cheias de produtos comuns, como óleo, sabão em pó, macarrão, etc, para se presentear. É como aquelas cestas de produtos importados que se vende no Brasil, com a diferença que os produtos são os mais ordinários!
</p>
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Tem uma conseqüência muito boa desse hábito: se a gente ganha um produto bom, consome com prazer, lembrando da pessoa. Se é um produto que não agrada, a gente acha alguém e passa adiante! E na próxima vez que a pessoa vem visitar, tudo bem, o produto já foi consumido (seja pela gente ou por terceiros), não se espera que o produto ainda exista. Não precisa se dar explicação.
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<p>
Frutas já são naturalmente produtos caros no Japão, mesmo no supermercado, e além disso existem “fruteiras de luxo” que comercializam as frutas mais perfeitas imagináveis, presentes bastante populares. Essas lojas, em geral, ficam em lugares chiques, com aluguéis que só podem ser pagos com os salgados preços das frutas que elas vendem. Esses dias passando em frente a <a href="http://shop.gnavi.co.jp/snfruits/">uma dessas lojas</a>, tirei as seguintes fotos de melancias.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5mKEJUQmhtMVUmWBIVkmiN9gOsV7gr_A58ZCzsj5HJsOxZp4auEJnM_M4HclRQLacgE65m0UVZGIekIfhe_MSZwcRpkuVR6zrIhoMq9r0QQHqYP40taS5Vty525vqCzmWI01/s1600-h/P1050666.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5mKEJUQmhtMVUmWBIVkmiN9gOsV7gr_A58ZCzsj5HJsOxZp4auEJnM_M4HclRQLacgE65m0UVZGIekIfhe_MSZwcRpkuVR6zrIhoMq9r0QQHqYP40taS5Vty525vqCzmWI01/s320/P1050666.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5243313522058048610" /></a>
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A primeira foto mostra a famosa “melancia quadrada” japonesa. Ela é criada dentro de um recibiente de vidro, que dá forma a melancia, quebrado quando a fruta está pronta pra ser comercializada. O preço dessa melancia é 13 000 ienes, cerca de 210 reais. Na foto tem também a novidade, a melancia piramidal, além de outros tipos, como a melancia amarela, e demais frutas.
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieu78RmtPB7J-yARSH8M2F6lwAi4lEvLX9oI7tdvsbLtJ3QLn2V-1GRzuuTeALn9HQdcTMz3xpwKH4gAkTJitV3CtoT17pS8X5wLagCFfbTSmA6qjrc3670irpKSJvgTPBOLUe/s1600-h/P1050665.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieu78RmtPB7J-yARSH8M2F6lwAi4lEvLX9oI7tdvsbLtJ3QLn2V-1GRzuuTeALn9HQdcTMz3xpwKH4gAkTJitV3CtoT17pS8X5wLagCFfbTSmA6qjrc3670irpKSJvgTPBOLUe/s320/P1050665.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5243313713158562050" /></a>
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A segunda mostra outra novidade: <em>Gojira no tamago</em> (ゴジラのたまご). <em>Gojira</em> é “Godzilla” e <em>tamago</em>, “ovo”. Portanto, “ovo do Godzilla”. Sim, é a mesma melancia que no Brasil custa uns 5 reais. Só que aqui, por ser o “ovo do Godzilla” ela sai pelo precinho camarada de 13500 ienes (220 reais).
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-48701508016376711852008-09-02T12:28:00.003+09:002008-09-02T12:31:14.780+09:00Já que ninguém comentou o último post...<br/>
<iframe src="http://spreadsheets.google.com/embeddedform?key=pp0PhYJuhfdENkpSHdZ9JJA" width="480" height="1546" frameborder="0" marginheight="0" marginwidth="0">Loading...</iframe>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-23822900244720629722008-08-26T23:55:00.018+09:002012-06-15T04:15:37.850+09:00STeLA Forum 2008<p>Ok, continuando o assunto do post anterior... Fui a Boston (na verdade, Cambridge) no início do mês pra participar do segundo fórum de uma organização chamada <a href="http://web.mit.edu/stela-mit/about.html">STeLA</a> (Science & Technology Leadership Association). Provavelmente ninguém aqui ouviu falar dessa organização. Ela está recém no seu terceiro ano e foi fundada nos EUA por um grupo de japoneses que estudava por lá. O primeiro fórum foi no ano passado aqui em Tokyo, mas desse eu não participei. Só fiquei sabendo sobre o segundo fórum esse ano, e lendo sobre a organização logo me interessei em participar. </p><p>O objetivo “oficial” da STeLA é desenvolver lideranças nas áreas de ciência e tecnologia (C&T). A minha interpretação mais prática dessa idéia meio abstrata é que a STeLA tenta criar um grupo de estudantes, de vários países, ligados a C&T capazes de auxiliar nas decisões que afetem as políticas públicas. Chamo o objetivo de “oficial” (com áspas) porque, como a organização é ainda bastante jovem, seus fundamentos não são rígidos e a organização vai se modificar e adaptar de acordo com seus membros. </p><p>Existem <a href="http://www.aiesec.org/">outras</a> organizações de estudantes que tentam preparar jovens para assumirem papéis de liderança e terem um impacto positivo na sociedade, mas achei o diferencial da STeLA, de focar em C&T, bastante interessante, por considerar dois fatores: (i) ciência e tecnologia são imprescindíveis pra se lidar com os problemas atuais da sociedade; e (ii) existe um distanciamento muito grande entre os cientistas e engenheiros e os políticos. As pessoas da área de C&T tem certo receio de se envolver com política, e políticos raramente tem conhecimento suficiente em C&T para que possam tomar as decisões mais apropriadas levando-as em consideração. Há, inclusive, um certo desdém mútuo entre os dois grupos. </p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQNmCk7ZLqkPvi51-BLh2EoC3AQsrLwdYkxD0JyYkia8VY7hJ9eUqcMFdwtIRI6uuSNn7N89W-2gwdtOQPRVOoHrVG957HGKs4MADXgukrDQnfwIzfrE25xPM8z1QhFWU98qkH/s1600-h/P1050480.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQNmCk7ZLqkPvi51-BLh2EoC3AQsrLwdYkxD0JyYkia8VY7hJ9eUqcMFdwtIRI6uuSNn7N89W-2gwdtOQPRVOoHrVG957HGKs4MADXgukrDQnfwIzfrE25xPM8z1QhFWU98qkH/s320/P1050480.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238840846396774274" /></a> <p>Participaram do fórum cerca de 50 pessoas, sendo um terço de universidades americanas (principalmente <a href="http://www.mit.edu/">MIT</a> e <a href="http://www.harvard.edu/">Harvard</a>), outro do Japão (<a href="http://www.u-tokyo.ac.jp/">Universidade de Tokyo</a> e <a href="http://www.titech.ac.jp/">Instituto Tecnológico de Tokyo</a>) e ainda na China (<a href="http://www.pku.edu.cn/">Universidade de Pequim</a> e de <a href="http://www.tsinghua.edu.cn/">Tsinghua</a>). O fórum era baseado em três componentes: os workshops sobre liderança, as atividades temáticas e o projeto final em grupo. </p><p>Nos workshops sobre liderança, realizamos atividades relacionadas ao modelo de liderança distribuído empregado na Sloan School of Management do MIT. <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig6Oksq7xi77WjkP9VAHUVUd2aFmp_xqZRqq5OjEshdfnpaHvJWJBkmA0LV6-mkacQldm5OIAbERS8KWxttIVeWRNo_RF_taHPOkn9HUar1Nke4OQhWNKR6jC7dU6vXpXudWlZ/s1600-h/P1050488.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig6Oksq7xi77WjkP9VAHUVUd2aFmp_xqZRqq5OjEshdfnpaHvJWJBkmA0LV6-mkacQldm5OIAbERS8KWxttIVeWRNo_RF_taHPOkn9HUar1Nke4OQhWNKR6jC7dU6vXpXudWlZ/s200/P1050488.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238841812689886034" /></a> Um ponto interessante é que existe um projeto de pesquisa do MIT, parceiro da STeLA, que investiga as interações dentro de um grupo de negociações. Por esse motivo, durante as atividades, usávamos um sensor pendurado no pescoço, que gravava com quem e como estávamos interagindo. Após as sessões, podíamos observar como tinha sido a interação dentro do grupo e trabalhar para que a comunicação e interação fosse melhorada. Infelizmente nossos sensores não funcionaram muito bem, então o <em>feedback</em> não foi muito útil. Ainda na parte de liderança, tivemos também duas <em>keynote speeches</em> de dois prêmios Nobel em medicina: Phil Sharp (1993) e Susumu Tonegawa (1987). Estas apresentações foram completamente diferentes do que se esperaria de um “prêmio Nobel”: foram muito mais um bate papo informal sobre suas carreiras científicas. </p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP0_PpLdOqerqLMCXD76bq2_0RxWVqGh3NSjuvKLQdWFdcRkCPPpyJR12F5MAGBrsohe6eA76qzyu4oliX10fJuwxrfASdcr5S3zCh8kFshtjYUMrQfs0ZNvCBkZZQugMK24NY/s1600-h/P1050427.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP0_PpLdOqerqLMCXD76bq2_0RxWVqGh3NSjuvKLQdWFdcRkCPPpyJR12F5MAGBrsohe6eA76qzyu4oliX10fJuwxrfASdcr5S3zCh8kFshtjYUMrQfs0ZNvCBkZZQugMK24NY/s320/P1050427.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238841142700241650" /></a> <p>Quanto a parte das sessões temáticas do fórum, o assunto desse ano foram os problemas de saúde pública global (daí a escolha dos <em>keynote speakers</em>). Nessa parte também tivemos apresentações e leituras sobre o assunto, participamos de um painel com professores ligados à área, e fizemos uma visita ao laboratório de pesquisa da <a href="http://www.mrlboston.com/aboutus/">Merck</a> em Boston, onde se pesquisam medicamentos contra o câncer e o mal de Alzheimer. Obviamente, essa não é a minha área, nem de muitos dos estudantes que participaram do fórum. Mas a idéia da STeLA é que o tema seja apenas um cenário onde se possam aplicar as habilidades desenvolvidas, além de criar consciência sobre o assunto. E essas habilidades seriam desenvolvidas na terceira parte do fórum, o projeto final. </p><p>Para desenvolvermos o projeto fomos divididos em grupos de 5. No meu, além de mim, havia um japonês que estuda química em Princeton, um americano que faz pós em mecânica no MIT, uma coreana que estuda fisiologia na Universidade de Tokyo e uma chinesa que estuda biologia na Universidade de Pequim. Nosso grupo era bastante heterogêneo, e era interessante (e desafiador, às vezes) trabalhar em grupo com pessoas de <em>backgrounds</em> culturais e acadêmicos tão diferentes. Foi interessante ver cada membro assumindo naturalmente papéis diferentes dentro do grupo. Isso era parte dos objetivos do fórum. </p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7UfkA-iJQKNEMFUj9PwaPWpNwWWD6xVM01YVDmv7mwL3UBbtThS1YsMOj1JdxrHtHQueCxjgxtBCfg76AGcJm7hOx6bvx-hXAZb8GvUTf4bNan3BGsA5Mjo_33NX646gl0wHz/s1600-h/P1050458.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7UfkA-iJQKNEMFUj9PwaPWpNwWWD6xVM01YVDmv7mwL3UBbtThS1YsMOj1JdxrHtHQueCxjgxtBCfg76AGcJm7hOx6bvx-hXAZb8GvUTf4bNan3BGsA5Mjo_33NX646gl0wHz/s320/P1050458.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238842293153211698" /></a> <p>O projeto final era a criação de um video de 30 segundos que abordasse um dos problemas de saúde pública discutidos no fórum. Escolhemos fazer nosso vídeo sobre <a href="http://www.who.int/neglected_diseases/en/">doenças tropicais negligenciadas</a>. Essas doenças atingem cerca de 1 bilhão de pessoas, principalmente em países pobres, e não possuem tratamento adequado, pois como não atingem os países ricos, não são de interesse da indústria farmacêutica. Como a maioria de nós não era da área das ciências biológicas, não tinhamos conhecimento prévio do problema. Nosso vídeo, portanto, não tenta encontrar soluções concretas, mas apenas alertar mais pessoas sobre sua existência, como primeiro passo. Apesar de não termos ganho nenhum dos prêmios do fórum, todos no grupo ficamos com muito orgulho do nosso “filho”: </p><iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/5FoX4HoOBRk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe> <p>No final do fórum, começamos a discutir sobre o próximo: se vai acontecer, e onde. Os participantes da China mostraram bastante interesse em hospedar o fórum (o primeiro foi no Japão, e essa edição nos EUA foi a segunda). Apesar de terem certo suporte das universidades, a maior dúvida foi quanto ao pessoal para organizar o evento, já que não sabemos ao certo quantos estudantes estão envolvidos com a STeLA na China. Também, a questão da comunicação pode ser complicada, pois precisaríamos de videoconferência confiável entre o Japão/EUA e a China. Por esses motivos, resolvemos dar mais algumas semanas ao time da China para que verifiquem a disponibilidade de pessoal e de outros recursos e mandem uma proposta. Caso a China não consiga organizar para 2009, o Japão deve hospedar o fórum novamente em 2009 e a China só em 2010. Como estarei envolvido com o final do meu doutorado (assim espero) ano que vem, não devo participar do próximo fórum se ele for na China, mas se for por aqui ainda devo me envolver. </p><p>Sobre Boston, em si, o que posso dizer é que a cidade é muito menor do que eu imaginava, em um dia se consegue dar uma boa volta a pé pela cidade. O que é marcante, além das atrações ligadas a história dos EUA e a arquitetura própria, é o grande número de universidades (e conseqüentemente, de gente jovem). O Jeff, americano do meu grupo, perguntou o que mais chamava atenção em Boston, vindo do Japão, e começou a dar risada quando respondi que era a quantidade de asiáticos! Mas é verdade... Ouvi uma estatística de que 60% dos estudantes do MIT são da Ásia, e que MIT na verdade quer dizer “Made In Taiwan”. :) </p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd0urKq3EXtyOMpVls_q9T0N_mKMpjkz4-sgaOtqCo1CuMUIK9q0G3CFu1uXpn7ssxjTXq1iGHsGR2R147o_rGImM4KLWFtZVYNE03AZt_YCHAYTvfEujuQwfSV5SD9_jmphn6/s1600-h/P1050567.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd0urKq3EXtyOMpVls_q9T0N_mKMpjkz4-sgaOtqCo1CuMUIK9q0G3CFu1uXpn7ssxjTXq1iGHsGR2R147o_rGImM4KLWFtZVYNE03AZt_YCHAYTvfEujuQwfSV5SD9_jmphn6/s320/P1050567.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238842592469710114" /></a> <p>E sobre o MIT, o que dizer? Bom, muita da tecnologia que a gente usa vem diretamente de lá, muita da história da computação (e da cultura ligada a ela) se passa por lá. Então pra quem é da área, o lugar acaba se tornando meio “mítico”, a gente imagina existir em outro plano. Mas chegando lá, a gente vê que eles tem uma ótima infraestrutura, com certeza pesquisa no estado da arte e grandes recursos humanos, mas é apenas mais uma (ótima) universidade. É bom visitar lugares assim pra nos dar perspectiva. Foi muito legal poder visitar o MIT com os “nativos”, andar livremente pelos prédios, ficar hospedados nos dormitórios, pra desmanchar essa falsa imagem. </p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjhGKP7Vay2WoEBBreAj-33RWvqQJFOZ-uBDppad_tJUDZkOFQ1OgCAv_AlWUJW1KBQ-JQjfwvtpV70UqxLx6YUU1DZrejKlmcO6f12mGJGXm4onlmokwXfM6Jev84WuwsaCkh/s1600-h/P1050472.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjhGKP7Vay2WoEBBreAj-33RWvqQJFOZ-uBDppad_tJUDZkOFQ1OgCAv_AlWUJW1KBQ-JQjfwvtpV70UqxLx6YUU1DZrejKlmcO6f12mGJGXm4onlmokwXfM6Jev84WuwsaCkh/s320/P1050472.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238842822575293922" /></a> <p>Tem gente que não entende porque eu me envolvo nesse tipo de atividade, que a princípio não tem nada a ver com a minha área... Claro, eu tenho minha “área” oficial, mas me interesso por várias coisas, de tudo um pouco. E se é uma oportunidade de conhecer e trabalhar com gente diferente, de ver outras perspectivas, sempre resulta em algo positivo. No fórum, trabalhei com algumas das pessoas mais inteligentes que já conheci. Por mais que me vire bem no inglês, nunca tinha visto como é difícil e cansativo pra mim entrar em discussões mais profundas no idioma, por um período mais prolongado. E observar como a gente se comporta trabalhando com pessoas de culturas tão diferentes não é uma oportunidade que aparece todo dia. Foi muito bom ter passado esses dias por lá, cansativos mas produtivos, e espero que eu (e os outros) ainda possa(m) participar de muitas outras atividades como essa. </p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-31445604417809249242008-08-14T12:08:00.003+09:002008-08-14T12:13:49.530+09:00Uma breve escala no Alaska<p>
Voltei ontem de Boston, em seguida escrevo contando o que fui fazer lá. Mas o curioso foi o acontecido no vôo entre Detroit e Tokyo. Após algumas horas de vôo, o comandante faz um anúncio inesperado: “Pousaremos em cerca de 30 minutos no aeroporto de Anchorage, Alaska, para um reabastecimento. Assim que estivermos no solo volto a entrar em contato com mais detalhes”.
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Achei estranho, essa era a sétima vez que cruzo o Pacífico e nunca foi necessário pouso de reabastecimento. Aí lembrei que umas horas antes, durante a “noite”<sup>1</sup> vi dois caras acompanhando os comissários em direção a frente do avião. Na hora pensei que alguém (possivelmente um familiar dos dois) tivesse passado mal.
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Pousamos, vimos as montanhas cobertas de neve ao redor do aeroporto, que não tinha muito movimento de passageiros mas vários cargueiros vindo da China e Coréia. Assim que a porta do avião abriu, 6 policiais entraram no avião e levaram um sujeito para fora. O comandante, então, fez um novo anúncio. O sujeito, após tomar algumas bebidas, pediu mais, e os comissários, notando o estado já alterado dele, negaram. Ele começou a xingar todo mundo, até o comandante foi falar com ele que, alterado, queria briga a qualquer custo. Os dois que antes tinham ido para a frente do avião eram uns caras grandões, provavelmente foram lá para ajudar a controlar o alterado. Solução do comandante: pousar no Alaska antes de cruzar o Pacífico e mandar prendê-lo.
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Agora imagina o quanto se gasta de combustível para se fazer uma decolagem extra de um Boeing 747 lotado. Mais, considera que, como ainda faltava muito da viagem, o avião estava cheio de combustível e não podia pousar, e portanto teve que despejar grande parte do combustível para ficar com o peso compatível. Tudo por causa de um mala que exagerou no trago. Além de ficar preso no Alaska por uns dias, o cara vai ter que pagar uma senhora multa e um ticket de volta. Ah, e a mala dele também veio pra Tokyo. Hehehe.
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<small><sup>1</sup> Quando se cruza o Pacífico durante o dia, as empresas aéreas costumam pedir para que todos fechem as janelas do avião a certa altura do vôo e diminuem os serviços de bordo. Isso dá a impressão de que uma noite está passando, e ajuda na regulagem do novo fuso horário.</small>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-81261274787106620392008-05-23T23:25:00.003+09:002008-05-23T23:39:40.746+09:00Certificado de alienado<p>
Os estrangeiros que moram no Japão precisam se registrar na prefeitura, fornecendo nome, endereço, motivo de permanência no Japão e outros dados burocráticos, e com isso recebem um “documento de identidade” japonês. O documento se chama <em>gaikokujin torokusho</em> (外国人登録書), mas em inglês é comumente chamado de <em>alien registration</em>. Obviamente, pelo trocadilho em inglês, daí saem brincadeiras de como os japoneses vêem os estrangeiros, mas se não somos alienígenas como nosso certificado diz, acabamos sendo ao menos todos um pouco alienados, por questões da língua.
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Desde o início desse mês vi diversos cartazes nas estações da linha de trem que uso avisando que no fim de semana passado, dias 17 e 18 de maio, os trens que ligam a estação de Tsutsujigaoka (つつじヶ丘), onde moro, a Chofu (調布) - pro lado contrário de onde costumo ir - não estariam operando. Achei estranho, porque os trens no Japão funcionam <em>sempre</em> e <em>pontualmente</em>, mas achei que se tratava de alguma obra de melhoramento da linha ou do trânsito, até porque os cartazes diziam também que uma das estradas que chegam em Tokyo também estaria parada. E como essa interrupção não me atingiria, pois costumo ir para o outro lado da linha, nem fiz questão de me informar melhor sobre o que estaria acontecendo. Entendi o suficiente: não haveria trem para aqueles lados nesses dias.
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O fim de semana chegou e saí de casa, fui para o outro lado da cidade. O fim de semana terminou e não notei nada de diferente. Agora a pouco descobri porque o tráfico foi interrompido:
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<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/FECPeRI-bUE&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/FECPeRI-bUE&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>
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Pois é, tinha uma <a href="http://www.yomiuri.co.jp/dy/national/20080503TDY02309.htm">bomba da Segunda Guerra enterrada</a> a duas estações aqui de casa, que precisava ser desativada. E eu só fiquei sabendo por “acidente”. Tokyo sofreu o chamado <em><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Carpet_bombing">carpet bombing</a></em> durante a guerra e praticamente tudo foi destruído. Existem poucos bairros que preservam os prédios originais de antes da guerra, e como tudo é novo, raramente se lembra dos acontecimentos. Mas as evidências continuam enterradas por aí.
</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-59912811194105428442008-02-07T19:48:00.000+09:002008-02-07T20:07:42.088+09:00De porta à porta...<p>18 800 km, 40 horas e meia. Uma longa viagem.</p>
<p>Ainda assim, bem melhor que os 52 dias do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Kasato_Maru">Kasato Maru</a> (笠戸丸).</p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-22988666.post-32171283721496797422008-01-23T21:59:00.000+09:002008-01-23T22:07:13.509+09:00Neve<p>Hoje nevou em Tokyo. A primeira neve “forte” do inverno, e possivelmente a última. Tokyo fica ao nível do mar, então é difícil nevar bastante. Dessa vez, nevou desde o amanhecer, sem parar, até perto da uma da tarde.</p>
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSrXktpyh95cASv1ovFftAt-Hbvq6hCXMWYQBvPiQV5HV-sI3HxWv-Y_x1BQIxrUKc97MANA22OZCF6UQ5534pFQRyGn9xIOdo_3YqNhv0to7h0IE9WcM26aL_v8E2bfI4i8Ah/s1600-h/P1040653.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSrXktpyh95cASv1ovFftAt-Hbvq6hCXMWYQBvPiQV5HV-sI3HxWv-Y_x1BQIxrUKc97MANA22OZCF6UQ5534pFQRyGn9xIOdo_3YqNhv0to7h0IE9WcM26aL_v8E2bfI4i8Ah/s320/P1040653.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158657401825086210" /></a>
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin-cnPi_2CScI11_cfkEhipldYVdwa5ezMLZMcW38oz4o4iMn1K5ClWvj4LfflTyDo6cIhRIXAYdBjZQVe8Y0SYAWpMb1v2y2O-tXBLlJ8A1Uu9jjcutr9aHTXTQjkFfO7t-Si/s1600-h/P1040654.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" class="reflect" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin-cnPi_2CScI11_cfkEhipldYVdwa5ezMLZMcW38oz4o4iMn1K5ClWvj4LfflTyDo6cIhRIXAYdBjZQVe8Y0SYAWpMb1v2y2O-tXBLlJ8A1Uu9jjcutr9aHTXTQjkFfO7t-Si/s320/P1040654.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158657775487240978" /></a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08969350998850438921noreply@blogger.com3